Estudo associa consumo de maconha à redução da ansiedade
Participantes que consumiram flores com predominância de canabidiol relataram melhorias mais significativas nos sintomas
O uso de flores de maconha vendidas em lojas licenciadas nos Estados Unidos está associado à redução dos sintomas de ansiedade. Isso é o que aponta um novo estudo realizado por pesquisadores das Universidades do Colorado em Boulder e Denver.
A cannabis é vendida para uso adulto/social no Colorado em estabelecimentos de varejo licenciados pelo estado e os pesquisadores queriam avaliar os efeitos sobre a ansiedade de diferentes strains (variedades) de flores disponíveis no mercado.
Para isso, os autores acompanharam 258 participantes com sintomas de ansiedade que consumiram flores de maconha dominantes em THC (tetraidrocanabinol), dominantes em CBD (canabidiol) ou com níveis iguais de THC e CBD durante quatro semanas.
Todos os participantes relataram reduções de ansiedade, sendo que níveis mais baixos de ansiedade foram observados entres aqueles que consumiram flores com alto teor de CBD.
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“Este estudo fornece novas informações sobre os impactos da cannabis no mercado legal com proporções variadas de THC para CBD em indivíduos com sintomas de ansiedade. Os resultados sugerem que o THC não aumentou a ansiedade e que as formas de cannabis com predominância de CBD foram associadas à redução aguda da tensão, o que pode se traduzir em reduções a longo prazo nos sintomas de ansiedade”, escreveram os pesquisadores.
As descobertas foram publicadas na revista Cannabis and Cannabinoid Research.
Maconha melhora qualidade de vida de pacientes ansiosos
Pesquisadores do Imperial College London, no Reino Unido, escreveram em um artigo publicado no ano passado na Expert Review of Clinical Pharmacology que o uso de produtos à base de maconha pode estar associado a melhorias na qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada (TAG), com baixa incidência de eventos adversos graves associados ao tratamento.
Outra equipe da mesma instituição publicou um estudo em janeiro, na revista Neuropsychopharmacology Reports, onde relata que pacientes com TAG, mesmo com distúrbios do sono comórbidos, apresentaram melhorias significativas após o uso de óleos sublinguais ou orais ou vaporização de flores de cannabis.
“Com as opções de tratamento atuais, menos de 85% dos pacientes apresentam uma melhoria de 50%, metade dos quais alcançam recuperação clínica. Há, portanto, espaço para melhorar o tratamento atual do TAG, especialmente quando se considera também o perfil de efeitos adversos das terapias atualmente disponíveis e a taxa de recorrência”, escreveu a equipe.
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Um outro estudo, publicado em 2022 na BMC Psychiatry, descobriu que indivíduos com depressão, ansiedade ou ambas as condições que usam maconha para insônia relatam melhorias significativas na gravidade dos sintomas — no grupo de depressão as flores dominantes em CBD foram menos eficazes do que outras; já entre os participantes com ansiedade e comorbidade, todas as variedades foram eficazes.
Ainda outro estudo viu os sintomas de ansiedade reduzirem significativamente, bem como melhorias em medidas de humor, sono, qualidade de vida e cognição, em pacientes ansiosos que receberam um extrato de cannabis rico em canabidiol.
“Outras farmacoterapias estão associadas a um alto risco de abuso, mas evidências recentes sugerem que os pacientes que usam produtos à base de canabinoides para fins médicos, na verdade, apresentam poucos sinais de uso problemático”, escreveram os pesquisadores em um artigo na Communications Medicine, observando que a tolerabilidade do produto de cannabis é outro benefício em relação aos medicamentos convencionais.
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Fotografia de capa: Unsplash / Elsa Olofsson.
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