Marcha da Maconha em Salvador pede pelo fim da violência contra o povo negro

Fotografia de parte de um folder que traz o desenho de uma pessoa soltando fumaça na qual aparece a palavra maconha e uma planta de cannabis, posicionado na diagonal em relação à imagem, e um fundo colorido desfocado, na parte superior. Foto: Bianca Barros.

Estado da Bahia está no topo do ranking de letalidade policial com a população negra sendo a mais afetada pela “guerra às drogas”

Considerando todas as mazelas sociais causadas pela política proibicionista no Brasil, como a carnificina das populações negras e periféricas promovida pelo Estado e o hiperencarceramento do povo preto e pobre, que já provou ser ineficaz na redução do comércio de qualquer substância, motivos para ir às Marchas da Maconha e reivindicar por mudanças na lei é o que não faltam.

Embora essas consequências nefastas da proibição ocorram em todos os estados brasileiros, a Bahia se tornou o epicentro da letalidade policial impulsionada pela “guerra às drogas”. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a polícia baiana assassinou 1.464 pessoas em 2022, sendo 83% das vítimas negras.

A violência e o racismo da política de enfrentamento “às drogas” é evidenciada ainda mais quando se olha para atuação da polícia em Salvador. Dados levantados pela Iniciativa Negra revelam que, na capital baiana, bairros onde vivem majoritariamente pessoas negras com menos ocorrência de uso e porte de substâncias têm números maiores de violência policial do que áreas da cidade onde há mais casos envolvendo substâncias ilícitas e residem pessoas majoritariamente brancas.

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Entre julho e setembro mais de 80 pessoas morreram em confrontos com forças de segurança na Bahia — a maior parte das operações ocorreu em bairros periféricos de Salvador sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas. Diante da barbárie no estado, a Anistia Internacional Brasil divulgou uma nota criticando o governo baiano pelas mortes em confrontos com a polícia e exigindo a responsabilização de todos os envolvidos nas ações que levaram a essas mortes.

Para denunciar que “A Proibição Mata” e exigir por reformas na política de drogas para acabar com a injustiça sociorracial gerada pelo proibicionismo, bem como reivindicar a legalização e democratização do acesso à cannabis, a Marcha da Maconha Salvador vai às ruas nesse fim de semana.

“Basta de sofrimento e injustiça, é hora de mudar esse cenário de guerra, violência e morte. Nós clamamos por respeito para nossas comunidades, favelas e aldeias. Bem viver ao povo negro, às mulheres e mães das comunidades, às famílias periféricas. O direito à vida é o mais importante para todos nós”, diz a MM Salvador em seu manifesto.

A Marcha da Maconha Salvador acontece nesse domingo (26), com concentração marcada para iniciar a partir das 13h na Praça Castro Alves, e saída às 16h20 em direção ao Largo do Santo Antônio. O ato acontece sob o mote “a proibição mata, mas o conhecimento e a luta coletiva nos libertarão!”.

“Lutamos contra a proibição de todas as drogas e por justiça social! Queremos reparação social e histórica para quem sofreu com conflitos causados por essa política. Queremos espaços públicos seguros para consumo de substâncias e o fim do encarceramento de pessoas que as utilizam”, conclui o manifesto.

A política de proibição é tão absurda que a maconha, ao mesmo tempo que é utilizada como desculpa para a matança das populações vulneráveis no estado, será distribuída no SUS de Salvador para uso medicinal. Uma legislação sancionada em março na capital institui a política municipal de fornecimento gratuito de medicamentos à base de cannabis na rede pública de saúde.

Marcha da Maconha Maceió

A Marcha da Maconha Maceió acontece no mesmo dia que a marcha soteropolitana. Com o lema “Medicinal, cultural, espiritual e social. Por que é ilegal?”, o ativismo maceioense vai às ruas pedir pelo fim da “Guerra às Drogas” e todas as formas de opressão. A concentração será em frente ao Restaurante Dragão, a partir das 14 horas.

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Imagem de capa: Bianca Barros | Smoke Buddies.

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