Consultório da rede pública em Volta Redonda (RJ) fornece óleo de cannabis a mais de 300 pacientes

Foto mostra uma pessoa pingando um remédio com conta-gotas na língua de uma paciente, em Volta Redonda (RJ). Imagem: Cris Oliveira / PMVR.

Espaço atende pacientes com epilepsia, Alzheimer e outras doenças

Uma das primeiras no estado do Rio de Janeiro a implementar a distribuição de medicamentos derivados da maconha pelo SUS, a cidade de Volta Redonda oferece o tratamento à base da planta em um consultório situado no estádio de futebol do município. O programa de cannabis medicinal volta-redondense foi abordado em reportagem do Globo Repórter.

A entrega dos óleos de maconha à população teve início em abril do ano passado e faz parte da política municipal de uso da cannabis para fins medicinais, instituída por uma lei sancionada em novembro de 2022, que garante ao paciente o direito de receber gratuitamente do poder público medicamentos que contenham canabidiol (CBD), tetraidrocanabinol (THC) e/ou demais canabinoides encontrados na planta.

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Hoje são atendidas no espaço 319 pessoas com epilepsia, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Alzheimer, dores crônicas e outras doenças. Esses pacientes estão recebendo o medicamento à base de cannabis em domicílio e são acompanhados pelos serviços especializados da Secretaria Municipal de Saúde. O tratamento é indicado quando o paciente tem um diagnóstico estabelecido, sendo priorizados os casos clínicos que não responderam bem ao tratamento convencional.

“Na parte cerebral é fantástico o resultado. A gente percebe nas primeiras doses o olhar deles. Eles começam a ver a gente. O meu filho não me olhava nos olhos e hoje ele me vê”, afirmou ao programa a fisioterapeuta Maria Eliane Pinheiro, sobre os resultados do tratamento de seu filho.

 

 

 

Os pacientes atendidos sob a política de cannabis do município estão sendo acompanhados por professores da área da saúde do UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), para que seja monitorada a evolução do tratamento com uso do óleo.

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“O óleo da cannabis não é um milagre. Não é a cura de uma doença. Ele vem nos auxiliar. Ele é um coadjuvante de um tratamento total”, disse o neurologista Edilberto Fernandes de Miranda, um dos médicos da clínica.

De acordo com a lei municipal, para receber os medicamentos de cannabis, o paciente deve ter prescrição em receituário público e laudo médico contendo justificativa para utilização do remédio, bem como frequentar regularmente o serviço público prescritor.

Outro município fluminense que também oferece o óleo de maconha na rede pública é Búzios. Desde setembro do ano passado, os medicamentos são distribuídos a crianças e adolescentes portadores de TEA e epilepsia. O acesso ao tratamento, no entanto, já vinha sendo garantido pela prefeitura buziana desde o início de 2022, através de parcerias com associações de pacientes.

Em março, Búzios inaugurou a Clínica Beija-Flor, que faz parte do programa municipal de cannabis medicinal e tem a missão de ser um local acolhedor para a promoção da saúde mental, visando o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. Uma das metas da prefeitura para este ano é expandir o atendimento a mais faixas etárias e patologias.

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Fotografia de capa: Cris Oliveira / Secom PMVR.

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