Volta Redonda (RJ) beneficia cerca de 160 pacientes com programa de cannabis medicinal

Fotografia mostra um homem usando camisa de manga comprida branca que pinga óleo com um conta-gotas na boca de uma garota, que usa roupa de cor rosa e óculos, além de uma senhora que observa, ao fundo, e outro indivíduo, que aparece de costas no primeiro plano, fora de foco. Imagem: Secom / PMVR.

A Prefeitura de Volta Redonda (RJ) está dando continuidade ao tratamento à base de cannabis na rede municipal de saúde. O município foi um dos primeiros no estado do Rio de Janeiro a implementar a distribuição de medicamentos derivados da maconha pelo SUS

O programa de cannabis medicinal de Volta Redonda (RJ) já beneficiou cerca de 160 pacientes que sofrem de epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), doença de Parkinson, Alzheimer, dor crônica, esclerose múltipla, distúrbios do sono e entre outras condições.

Segundo a prefeitura, esses pacientes estão recebendo o óleo à base de cannabis em domicílio e já são acompanhados pelos serviços especializados da Secretaria Municipal de Saúde. O tratamento é indicado quando o paciente já tem um diagnóstico estabelecido, sendo priorizados os casos clínicos que não responderam bem ao tratamento convencional.

“As pessoas portadoras dessas patologias, que tenham prescrição médica para o uso de produtos à base de canabinoides, estão sendo atendidas na rede municipal de saúde. Já temos recebido o retorno de diversos pacientes com bons resultados e vamos dar sequência às entregas. Além disso, estamos oferecendo aos profissionais de saúde da rede atividades de capacitação, esclarecimentos à população e atendimento integrado às unidades da Atenção Primária (UBSs e UBSFs), que são a porta de entrada para os serviços do SUS”, disse o médico sanitarista Carlos Vasconcellos, um dos responsáveis pelo programa, segundo nota da prefeitura.

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Os pacientes atendidos sob a política de cannabis medicinal do município estão sendo acompanhados por professores da área da saúde do UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), para que seja monitorada a evolução com uso do medicamento.

A entrega dos óleos de maconha à população volta-redondense teve início em abril deste ano e faz parte da política municipal de uso da cannabis para fins medicinais, instituída por uma lei sancionada em novembro do ano passado, que garante ao paciente o direito de receber gratuitamente do poder público medicamentos que contenham canabidiol (CBD), tetraidrocanabinol (THC) e/ou demais canabinoides encontrados na planta nas unidades de saúde pública municipal.

O primeiro paciente a se beneficiar do tratamento foi uma mulher portadora de Parkinson, que sofria há 16 anos com os sintomas da doença, como tensão e rigidez muscular, e passou ter uma melhor qualidade de vida após iniciar o uso do óleo de cannabis.

“Hoje consigo pôr roupa no tanquinho, passar para a máquina, colocar roupa no varal. Antes eu não conseguia nem tirar minha comida da panela e hoje já consigo”, disse Aparecida Sônia Perino, de 61 anos, após um mês de tratamento com o medicamento à base de maconha.

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O medicamento que Aparecida usa diariamente é importado dos Estados Unidos. Além do acompanhamento médico, a paciente do SUS conta com auxílio direto do Departamento de Assistência Farmacêutica de Volta Redonda, segundo a prefeitura.

“São visíveis as mudanças e o efeito da medicação para a dona Aparecida. Ela mesmo relatou que de uma escala de 0 a 10, ela está com 80% de melhora. Nós vimos melhora na rigidez, principalmente dos braços. Ela consegue ter movimentos menos rígidos. A gente percebe que a fala dela está mais clara. Houve a diminuição da dor. Então é o benefício da medicação e o que a gente esperava. Ficamos muito felizes com o relato e com o que a gente está vendo”, disse a farmacêutica do Departamento de Assistência Farmacêutica de Volta Redonda, Juliana Boechat.

De acordo com a lei municipal, para receber os medicamentos de cannabis, o paciente deve ter prescrição em receituário público e laudo médico contendo justificativa para utilização do remédio, bem como frequentar regularmente o serviço público prescritor.

Os moradores de Volta Redonda interessados em participar do programa para tratamento à base de cannabis devem procurar atendimento na Comissão de Farmácia e Saúde, na Policlínica da Cidadania — localizada no segundo andar do estádio Raulino de Oliveira, no bairro Jardim Paraíba.

Dito isso, o município de Búzios iniciou a entrega de óleo de maconha pelo SUS na terça-feira. Os medicamentos de cannabis são distribuídos a crianças e adolescentes portadores de TEA e epilepsia refratária através do programa Clínica de Cannabis Terapêutica Beija-Flor, sob coordenação da Secretaria Municipal de Saúde.

A prefeitura buziana informou em nota que o programa será expandido em 2024 para atender mais faixas etárias e patologias, incluindo Parkinson, Alzheimer e controle da dor crônica, além de estabelecer um centro de pesquisa em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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Imagem de capa: Secom / PMVR.

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