Cannabis tem efeito positivo para 20 desfechos de saúde, segundo revisão de estudos

Fotografia mostra um frasco âmbar de tampa preta e dourada e um bud de cannabis sobre uma superfície branca lisa que se mistura ao fundo da imagem, além de uma folha de maconha de pontas serrilhadas que aparece no canto superior esquerdo, atrás do vidro. Foto: Freepik | our-team.

Pesquisadores compilaram mais de 30 artigos de alto nível científico sobre o uso medicinal da maconha

A cannabis tem efeitos positivos para pelo menos 20 desfechos de saúde, de acordo com um mapa de evidências sobre a efetividade do tratamento à base de maconha elaborado por um grupo de médicos e pesquisadores brasileiros.

O mapa foi produzido a partir de um ampla busca bibliográfica que chegou a 194 artigos de revisão, todos publicados a partir de 2001. Esses estudos avaliaram o efeito de 18 tipos de tratamentos à base de cannabis para 71 desfechos de saúde.

A equipe então analisou os resultados dos estudos que apresentaram um alto nível de qualidade, com 34 artigos apresentando essa característica, e identificou o “efeito positivo” ou “efeito potencial positivo” do uso medicinal da maconha para os seguintes desfechos:

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O mapeamento também revela que, dos 194 estudos analisados, 112 artigos mencionaram efeitos adversos do uso da cannabis. Em contrapartida, outros 43 não reportaram efeitos colaterais decorrentes do tratamento canábico.

A cannabis é conhecida por ser um tratamento seguro e com poucos efeitos adversos leves — como sonolência, boca seca e aumento do apetite —, de acordo com a maioria dos estudos.

Outra informação que pode ser extraída do mapa é quantidade de estudos por país/região. A maioria dos artigos foi publicada nos EUA (22), Canadá (16) e Reino Unido (14), enquanto o Brasil ficou na décima posição do ranking com 4 publicações.

As implicações práticas do mapa, segundo os pesquisadores, consistem em orientar a assistência de pacientes de cannabis e os gestores públicos e promover a implementação da terapêutica canábica nos serviços de saúde.

O “Mapa de evidências sobre efetividade da Cannabis Medicinal” foi desenvolvido pelo Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (Cabsin) em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), que é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), e a WeCann Academy.

Um estudo separado, divulgado em dezembro na revista Clinical Therapeutics, compilou 55 artigos sobre a administração de cannabis em humanos, após a avaliação de quase 1.700 registros, e chegou à conclusão que o THC tem um perfil de segurança mais alto do que muitos outros medicamentos.

A revisão encontrou evidências da eficácia de medicamentos à base de THC para o tratamento de várias condições, incluindo dor crônica, espasticidade da esclerose múltipla, náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, distúrbios do sono, glaucoma, sintomas de demência, Parkinson, esquizofrenia, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), redução do apetite e perda de peso associadas ao HIV/Aids, lesão cerebral traumática, síndrome de Tourette, abstinência de dependência (opioides), síndrome do intestino irritável, cânceres (incluindo glioma), anorexia, síndrome de caquexia, sintomas de esclerose lateral amiotrófica (ELA) e alguns sintomas neuropsiquiátricos associados à doença de Huntington.

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Imagem de capa: Freepik | our-team.

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