Prescrições de cannabis aumentam na Austrália, apesar de barreiras ao acesso

Fotografia mostra um vaporizador tipo bastão preto, um pequeno pote transparente contendo erva seca e uma porção de crumble, remetendo a uma bala de goma amarela, em cima de uma latinha preta, sobre uma prancheta com um formulário contendo as informações do concentrado. Foto: Testeur de CBD | Unsplash.

Dados oficiais revelam que em 2019 quase 3% da população usava maconha para fins medicinais

Uma pesquisa da Universidade de Sydney, na Austrália, descobriu que fornecer acesso legal à cannabis para fins medicinais está tirando um número cada vez maior de pacientes do mercado ilícito, apesar das barreiras existentes.

De acordo com a pesquisa Cannabis as Medicine Survey 2020 da Iniciativa Lambert para a Terapia Canabinoide, que coletou dados de 1.600 usuários de maconha entre setembro de 2020 e janeiro de 2021, 37% dos australianos entrevistados receberam uma prescrição legal para cannabis medicinal.

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Ao mesmo tempo que revelam um aumento significativo em relação aos 2,5% dos entrevistados que relataram uso de maconha prescrita na pesquisa de 2018, os resultados também levantam a questão sobre se os números oficiais sobre o uso de cannabis para fins medicinais no país estão subestimados.

Segundo a pesquisa National Drug Strategy Household Survey, realizada a cada três anos pelo Instituto Australiano de Saúde e Bem-Estar, cerca de 600.000 pessoas (ou 2,7% da população australiana) usavam maconha para fins medicinais, sempre ou às vezes, em 2019. O levantamento envolveu 21.500 pessoas com 14 anos ou mais.

Já os dados oficiais coletados pela Therapeutic Goods Administration (TGA) mostram que o número de médicos que prescrevem cannabis medicinal cresceu consideravelmente — enquanto havia apenas 144 médicos autorizados a emitir prescrições para maconha em 2019, esse número é de 1.701 hoje.

Além disso, os dados também apontam que 295.515 prescrições de cannabis medicinal foram emitidas desde 2020, em comparação com apenas 1.011 emitidas entre 2016 e 2019.

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No entanto, se 63% dos entrevistados na pesquisa da Iniciativa Lambert de 2020 estavam se automedicando com maconha obtida ilicitamente, “isso sugere que o número total de pessoas que usam cannabis para fins médicos é substancialmente maior do que indicam os números oficiais de prescrição”, disse o professor Nicholas Lintzeris, da Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de Sydney, em um comunicado.

“Para ter uma verdadeira compreensão de como a cannabis está sendo usada para fins medicinais na Austrália, realmente precisamos dos dados de todos os usuários, não apenas daqueles com receita”, acrescentou.

Agora, os pesquisadores da Iniciativa Lambert estão lançando a última edição de sua pesquisa Cannabis as Medicine para descobrir se o número de pacientes de cannabis acompanhou o aumento de prescrições, além de obter informações sobre os padrões de uso, sintomas e condições tratadas, métodos de administração e efeitos na saúde.

As pesquisas anteriores forneceram uma riqueza de dados, particularmente sobre a maneira como a maconha é usada. Os consumidores ilícitos são mais propensos a fumar, por exemplo, em comparação com aqueles com receitas médicas que são mais propensos a usar cannabis via oral ou vaporizada, disseram os pesquisadores.

Os resultados da última pesquisa da Iniciativa Lambert mostram que o principal motivo para o uso de maconha prescrita foi a dor crônica — consistente com outros dados de prescrição da TGA, que aprova os pedidos de prescrição e rastreia as condições sendo tratadas. Os pacientes que usavam produtos ilícitos eram mais propensos a tratar problemas de saúde mental ou de sono.

A pesquisa também descobriu que entre as principais barreiras encontradas pelos pacientes para acessar a cannabis do mercado legal estão o custo e a burocracia.

Os pacientes que usam maconha do mercado ilícito também citaram a incapacidade de encontrar médicos prescritores, de acordo com as descobertas de uma pesquisa do Senado australiano de 2020 sobre as barreiras ao acesso à cannabis medicinal na Austrália.

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#PraTodosVerem: fotografia mostra um vaporizador tipo bastão preto, um pequeno pote transparente contendo erva seca e uma porção de crumble em cima de uma latinha preta, sobre uma prancheta com um formulário contendo as informações do concentrado. Foto: Testeur de CBD | Unsplash.

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