Eduardo Suplicy revela que está tratando Parkinson com óleo de cannabis
Tratamento à base de maconha vem mostrando ser promissor na melhora dos sintomas da doença
O deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) revelou ter recebido um diagnóstico da doença de Parkinson em estágio inicial, no final do ano passado, e que apresentou melhoras após iniciar tratamento à base de cannabis.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o petista afirmou que sintomas como dores musculares e tremores nas mãos melhoraram com o uso do óleo de maconha.
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Como distúrbio degenerativo e progressivo do sistema nervoso que afeta principalmente o sistema motor, o Parkinson tem como sintomas mais comuns tremores, rigidez muscular, lentidão de movimento e dificuldade para andar.
Apesar de ainda ser uma doença sem cura definitiva, tratamentos para a melhora sintomática do parkinsoniano continuam sendo desenvolvidos, e a cannabis vem mostrando grande potencial neste campo.
“Eu não me dei conta de que tinha Parkinson. Só mais tarde, conversando com a doutora Luana Oliveira, é que fui percebendo alguns sintomas”, disse Suplicy, se referindo à sua consulta com a neurologista do núcleo de Cannabis Medicinal do Hospital Sírio-Libanês.
Após isso, o parlamentar percebeu que estava com “certos tremores nas mãos, especificamente na hora de comer, de segurar os talheres, de tomar uma sopa”, além de dores na perna esquerda e um pouco de desequilíbrio.
Sobre o tratamento com cannabis, Suplicy disse que “tudo melhorou bastante”.
“A dor na perna sumiu. O tremor, na hora de comer, melhorou. Tenho caminhado com firmeza”, relatou o político, que também faz uso do medicamento Prolopa.
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Eduardo Suplicy é defensor da distribuição de medicamentos de maconha no SUS e vice-presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial da Assembleia Legislativa de São Paulo.
O próprio caso do deputado evidencia a necessidade de democratização do acesso ao tratamento à base da planta. Ele explicou que precisou importar um vidro de medicamento de cannabis para poder iniciar o seu tratamento — um custo que apenas pacientes com condições financeiras podem arcar, sem contar a burocracia para fazer todo o processo de importação.
Em uma das audiências públicas realizadas pela frente parlamentar, o deputado enfatizou os benefícios medicinais da planta. “A percepção sobre a cannabis mudou impulsionada pela pesquisa científica. É fundamental democratizar o acesso. Para isso, existem várias medidas que podem ser consideradas, como a regulamentação, a educação, o cultivo doméstico e a cooperação internacional”, declarou.
Suplicy participou da ExpoCannabis Brasil, que aconteceu no último fim de semana na cidade de São Paulo e reuniu cerca de 140 expositores, mais de 120 palestrantes e 25 mil visitantes, durante três dias de conferências, debates, oficinas e painéis sobre diversos temas centrados em educação, saúde e desenvolvimento de negócios sobre a cannabis.
A visita à feira reforçou ainda mais o entendimento do deputado a respeito da importância da regulamentação da maconha no país.
“O sucesso da @expocannabis.brasil em SP demonstrou a urgência do Congresso Nacional aprovar a Lei 399, que regulamenta a cannabis medicinal no Brasil e autoriza o seu plantio. Os ingressos acabaram antes da feira começar. Foi um encontro inédito, que reuniu 142 expositores de 7 países, 9 associações e 128 palestrantes, sendo mais da metade mulheres”, escreveu o parlamentar em suas redes sociais.
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Nesta terça-feira (19), Suplicy participou de uma audiência pública na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados onde falou sobre sua melhora com o uso do medicamento à base de cannabis, defendeu a regulamentação para que o óleo de maconha seja distribuído pelo SUS e exaltou o trabalho das associações de pacientes.
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#PraTodosVerem: fotografia de capa mostra Eduardo Suplicy ao lado de uma pessoa fantasiada de bud de maconha, na ExpoCannabis Brasil. Imagem: reprodução / Instagram.
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