Em crise financeira, banco Credit Suisse lavou dinheiro do tráfico de drogas

Fotografia mostra várias cédulas de euro sobre superfície lisa, formando um leque. Imagem: Markus Spiske | Unsplash.

Em fevereiro de 2022, jornalistas publicaram uma investigação revelando que o banco Credit Suisse abriu e manteve em segredo, entre os anos de 1940 e 2010, contas bancárias que abrigaram dinheiro oriundo de práticas criminosas, como corrupção e o tráfico de drogas

Fundado em 1856, em Zurique, na Suíça, inicialmente com o nome de “Schweizerische Kreditanstalt”, para financiar o desenvolvimento da malha ferroviária e da indústria nacional, a partir dos anos iniciais do século XX, o banco conhecido pela sigla SKA começou a se internacionalizar. No Brasil, já atua desde 1959, porém, o nome de Credit Suisse Group só foi adotado em 1997.

Envolvido na recente crise financeira que levou à falência o banco norte-americano SVB (Sillicon Valley Bank), o Credit Suisse viu suas ações despencarem na bolsa de valores após a divulgação de um relatório feito por uma auditoria sobre a existência de distorções nas demonstrações financeiras da instituição. Considerado um banco “grande demais para quebrar”, responsável por gerenciar US$ 1,5 trilhão, o Credit Suisse vai receber um empréstimo de 54 bilhões de dólares do Banco Central da Suíça para evitar o aprofundamento da crise econômica que afetaria outros bancos e investimentos ao redor do mundo.

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Entretanto, a atual crise financeira e de confiança em relação ao Credit Suisse não começou agora. Em 2020, seu então presidente — o executivo Tidjane Thiam — teve que renunciar ao cargo por causa de espionagem corporativa. Em 2021, o Credit Suisse foi multado em US$ 475 milhões por ter escondido do FMI (Fundo Monetário Internacional) o fato de que ajudou na coordenação do empréstimo de US$ 2 bilhões em Moçambique. Em fevereiro de 2022, diversos jornalistas investigativos ligados ao Organized Crime and Corruption Reporting Project publicaram uma investigação revelando que o Credit Suisse abriu e manteve em segredo, entre os anos de 1940 e 2010, contas bancárias que abrigaram dinheiro oriundo de práticas criminosas como corrupção e tráfico de drogas.

O Credit Suisse e uma ex-funcionária foram considerados culpados, em junho de 2022, pelo tribunal criminal federal por ajudar uma quadrilha da Bulgária a lavar 146 milhões de euros oriundos do tráfico de cocaína. De acordo com os promotores, essa ex-funcionária aceitou malas de dinheiro dos traficantes búlgaros que excediam os limites estabelecidos, o Credit Suisse acabou tendo que pagar uma multa de US$ 20 milhões ao governo suíço.

O banco suíço não foi o primeiro e provavelmente não deve ser a única instituição financeira que já lavou dinheiro do tráfico de drogas. Em 2012, uma investigação conduzida pelo Senado dos EUA denunciou que uma subsidiária do banco britânico HSBC lavou durante anos dinheiro dos cartéis de drogas do México. Um relatório de 340 páginas apontou que cerca de 7 bilhões de dólares foram transportados de avião e veículos blindados do México para serem depositados nos EUA.

Segundo os dados da pesquisa feita em 2011 pela Global Financial Integrity, as ilegalidades movimentam 1 trilhão de dólares, o tráfico de drogas ocupa o primeiro lugar com 320 bilhões. Somente nos EUA, a DEA (Drug Enforcement Administration) diz que os traficantes de cocaína realizam transações comerciais na casa dos 100 bilhões. Portanto, podemos concluir que tamanho dinheiro seja impossível de ser guardado embaixo de colchões ou enterrado em terrenos nos bairros pobres, é óbvio que o sistema financeiro está intimamente ligado ao circuito da sangrenta e lucrativa guerra às drogas.

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Imagem de capa: Markus SpiskeUnsplash.

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