Estudo encontra potencial no cânhamo para tornar o setor agrícola da Escócia neutro em carbono

Fotografia mostra o topo de uma planta de cânhamo em período vegetativo de crescimento. Imagem: Oregon State University | Flickr.

A planta já foi amplamente cultivada no país e atualmente é usada em materiais de construção, como biocombustível, tecido têxtil e como fonte alimentar

Uma análise detalhada das oportunidades de mercado para a indústria de cânhamo na Escócia mostra que a cultura tem o potencial de tornar o setor agrícola do país neutro em carbono, além de fornecer enormes benefícios econômicos.

Pesquisadores do Instituto Rowett da Universidade de Aberdeen, do Colégio Rural da Escócia, da Sociedade Escocesa de Organização Agrícola e da Associação Escocesa de Cânhamo elaboraram um relatório que analisou a cadeia de fornecimento de sementes e fibras de cânhamo na Escócia.

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“As informações coletadas foram usadas para realizar uma avaliação completa dos desafios e oportunidades enfrentados pelo setor de cânhamo”, disse Wisdom Dogbe, pesquisador do Instituto Rowett, em um comunicado à imprensa. “Sabemos que a produção mundial de cânhamo industrial está em declínio desde a década de 1960 devido a um clima político desfavorável em relação ao cultivo e uso da cultura, bem como à legislação. No entanto, a planta de cânhamo tem o potencial de ser uma cultura econômica, neutra em carbono e ecologicamente correta para os agricultores.”

O relatório mostra que a cadeia de suprimentos do cânhamo cultivado na Escócia é subdesenvolvida, sem rotas de mercado bem estabelecidas para os agricultores. A cadeia de suprimentos também está exposta a muitas ameaças que limitam seu desenvolvimento, incluindo baixa lucratividade, falta de suporte técnico, limitações climáticas, falta de assistência financeira e legislação rigorosa.

Financiado pelo governo escocês por meio de uma bolsa de estudos dos Institutos Escoceses de Pesquisa Ambiental, Alimentar e Agrícola, o estudo também analisou os dados comerciais do HMRC (órgão britânico equivalente à Receita Federal), bem como os dados globais de desenvolvimento de novos produtos da Mintel. Os dados comerciais mostram que o Reino Unido é um importador líquido de sementes e fibras de cânhamo.

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Os cinco principais fatos associados aos produtos à base de cânhamo são que têm baixos, nenhum ou reduzidos alérgenos, são veganos, sem glúten, vegetarianos e podem ser cultivados organicamente. Ele realmente tem o potencial de ser um produto econômico, trazendo benefícios tanto para a saúde quanto para o meio ambiente”, explicou Dogbe.

O cânhamo já foi amplamente cultivado na Escócia. Atualmente é usado em materiais de construção, como biocombustível, tecido têxtil, alternativa ao plástico e como fonte alimentar.

“Nossa pesquisa forneceu fortes conselhos sobre as medidas necessárias para progredir no setor de cânhamo escocês. Isso inclui, no curto prazo, estratégias que podem ser adotadas pelas partes interessadas, como o uso de cânhamo como cultura de créditos de carbono, bem como a prestação de apoio educacional/técnico aos produtores de cânhamo”, disse Dr. Cesar Revoredo-Giha, do Colégio Rural da Escócia. “As estratégias de médio prazo envolvem o relaxamento da regulamentação do cânhamo e o estabelecimento de um forte setor de processamento de cânhamo.”

“Estratégias de longo prazo para renovar o setor de cânhamo incluem o estabelecimento de fortes ligações verticais e horizontais, um centro de produção de sementes e uma associação de cânhamo bem coordenada”, concluiu o pesquisador.

O relatório “Oportunidades de mercado potenciais para sementes de cânhamo e fibra na Escócia” está disponível neste link.

As oportunidades e benefícios do uso do cânhamo também são explanados em um relatório divulgado recentemente pelo Departamento de Agricultura dos EUA.

O relatório discute como o cânhamo tem sido usado para diversos fins na Europa desde a Idade Média e o reconhecimento pelas autoridades europeias de que o cultivo de cânhamo contribui para sua meta de clima neutro.

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