Conselho Federal de Medicina se posiciona contra a importação de flores de cannabis

Foto mostra uma porção de buds de cannabis saindo de uma pequena peça côncava de madeira sobre uma superfície branca lisa. Imagem: Unsplash | Crystalweed. Califórnia

O Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou a favor da proibição de importação de flores de cannabis e afirmou em nota que “entende que o consumo dessa droga, mesmo sob alegação medicinal, representa riscos à saúde de forma individual e coletiva”

O Conselho Federal de Medicina (CFM) se manifestou a favor da proibição de importação de flores de cannabis nesta última segunda-feira (24) em nota enviada pela assessoria, respondendo à editoria da Globo Rural. O posicionamento aconteceu após a publicação da Nota Técnica 35/2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 19 de julho, determinando a lista de produtos derivados de maconha que serão autorizados à importação e afirmando que, a partir do dia 20 de julho, não serão mais concedidas autorizações para importação de cannabis in natura, flores ou partes da planta, e que as autorizações já concedidas serão válidas apenas até dia 20 de setembro deste ano.

A combustão ou inalação da planta são utilizadas por pacientes de forma terapêutica e, com a proibição da importação de flores, pessoas que precisam dessa via de acesso ficam mais uma vez reféns da ilegalidade para obter seus produtos. De acordo com estudo do doutor em psicologia Lauro Pontes, da UERJ, a inalação de partes da planta é importante contra os efeitos adversos da oncoterapia, dor crônica, depressão gravosa e outras. “A proibição é ruim. A planta integral é sempre melhor que o isolado”, ressaltou Lauro Pontes referindo-se aos extratos sintéticos e isolados de canabinoides.

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Não é a primeira vez que o CFM tem posicionamentos conservadores que não consideram o contexto brasileiro de acesso à cannabis. O Conselho Federal de Medicina publicou a Resolução 2.324, em 2022, que condenou a prescrição da cannabis in natura, e restringiu o canabidiol para o tratamento de epilepsias na infância e adolescência refratárias às terapias convencionais nas síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut e no Complexo de Esclerose Tuberosa.

No entanto, as associações brasileiras que tratam pacientes com óleos artesanais de cannabis têm uma amplitude muito maior de patologias atendidas com bons resultados, e não se limitam apenas ao canabidiol isolado, produzindo óleos full spectrum, que contêm atuação de todos os fitocanabinoides presentes nas plantas. Além de ser necessário considerar nessa discussão também os inúmeros Habeas Corpus para cultivo que já foram concedidos para uma vasta lista de patologias que vão muito além das mencionadas pelo Conselho Federal de Medicina.

Países como Canadá, Israel e Uruguai e alguns estados dos Estados Unidos já fornecem flores de cannabis para uso terapêutico em farmácias, possibilitando o acesso através de cadastros para pessoas que comprovem necessidade de uso.

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Imagem de capa: Unsplash | Crystalweed.

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Sobre Ingryd Rodrigues - Comunicannabis

Jornalista (UFOP), ativista e comunicadora social, criadora do projeto Comunicannabis. Atua também como terapeuta canábica na Associação Flor da Vida, conselheira do Instituto Terapeutas Canábicos e integrante da Marcha da Maconha BH e da Articulação Nacional de Marchas da Maconha. Produz em parceria ao Cannabis Monitor o podcast Maconhômetro Imprensa que entrevista jornalistas que cobrem politicas de drogas no país.
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