Cannabis legal leva a redução no uso de tabaco, revela estudo

Fotografia de um cigarro industrializado de delta-8-THC com filtro verde, em perspectiva, sobre um objeto de vidro, em fundo embaçado. Imagem: Unsplash | Elsa Olofsson.

Estudo mostra que estados que legalizaram uso adulto de maconha apresentaram redução no consumo dos produtos derivados do tabaco

Embora especialistas em saúde pública alertam que a legalização da maconha para uso adulto pode normalizar o hábito de fumar e minar as conquistas de décadas da política de controle ao tabaco, um novo estudo mostra que as reformas estaduais da cannabis, nos EUA, estão associadas a pequenos e ocasionais declínios do uso do tabaco a longo prazo na população adulta.

Um relatório publicado no Journal of Health Economics descobriu que o aumento do consumo de cannabis, na verdade, levou a um menor uso de tabaco. Este estudo é o primeiro a examinar de forma abrangente o impacto da legalização do uso social da maconha no consumo de tabaco por adultos.

O primeiro ponto conclusivo foi que os pesquisadores encontraram “evidências consistentes” de que a adoção de leis estaduais de maconha não-medicinal levou a um ligeiro aumento no uso entre adultos, passando de cerca de dois a quatro pontos percentuais, dependendo da fonte de dados; mas, o tabaco não seguiu essa tendência.

Em segundo lugar, o mercado de produtos de tabaco mudou drasticamente desde meados da década de 90, quando ocorreram as primeiras leis de maconha medicinal, como na Califórnia em 1996. Por exemplo, aproximadamente um quarto da população dos EUA vivia em estados com maconha medicinal legalizada antes dos cigarros eletrônicos (e-cigarros) serem introduzidos no mercados norte-americano, em 2006/2007.

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Embora as vendas iniciais dos cigarros eletrônicos tenham ocorrido em grande parte por meio da internet, foi durante o período de 2009 a 2012 que as vendas no varejo dos e-cigarros se expandiram amplamente. Além disso, a introdução do JUUL (Juice USB Lighting), em junho de 2015, acompanhada por uma ampla variedade de sabores, também ampliou bastante o conjunto de produtos de sistemas eletrônicos de entregas de nicotina.

Estimativas baseadas na Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde (NSDUH) sugerem que dois ou mais anos após sua adoção, a legalização está associada a um declínio de aproximadamente 0,5 a 2 pontos percentuais no uso do tabaco, inclusive de cigarros.

O estudo também observou que a disponibilidade de dispensários também ajudou os consumidores a reduzirem o consumo de tabaco. A publicação observa que as possíveis economias de custos com saúde resultante da substituição dos cigarros pela cannabis “podem ser substanciais”.

Se o aparente efeito de substituição de cigarros por maconha, que está é impulsionada pela legalização, fosse estendido nacionalmente, isso poderia resultar em economia de custos com saúde pública em mais de US$ 10 bilhões por ano, conclui o estudo.

“Concluímos que as leis de maconha recreativa podem gerar benefícios à saúde relacionados ao tabaco”.

Além disso, o estudo não encontrou “nenhuma evidência de que a adoção das leis de maconha para uso adulto aumenta significativamente a iniciação de produtos de tabaco entre não usuários”.

Embora o apoio público à maconha para uso adulto tenha aumentado acentuadamente nas últimas décadas, os especialistas em saúde pública adotaram uma abordagem mais cautelosa, exigindo mais pesquisas para avaliar os benefícios e custos do uso de maconha para a saúde, bem como para entender as consequências potencialmente não intencionais sobre outros comportamentos de saúde.

O uso do tabaco é a principal causa de morte evitável nos Estados Unidos, e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças o vincularam a quase meio milhão de mortes por ano. Além disso, o consumo de tabaco aumenta o risco de enfisema, câncer de cólon, fígado, cabeça e pulmão e derrame.

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Imagem de capa: Unsplash | Elsa Olofsson.

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