A ciência por trás do baseado: pastelar pode atrapalhar a brisa?

Foto mostra um baseado cônico com piteira em pé sobre uma superfície amarela lisa, que delimita o fundo da imagem, de cor azul-claro, em uma linha reta horizontal. Fotografia: Nick Harsell | Unsplash. Finlandia

Pesquisadores de um centro de estudos sobre cannabis e psilocibina no Canadá testaram se o método de preparo de um baseado tem a ver com a intensidade da brisa – descubra a seguir

O cigarro de maconha, famoso baseado, é uma das formas mais populares de consumo de cannabis entre os milhões de adeptos ao redor do mundo. No Canadá, país que legalizou a maconha em 2018, cerca de 70% dos maconheiros escolheram o beck como seu método de consumo preferido, em uma pesquisa de 2022 realizada pelo governo. Enquanto a arte de bolar o cigarro perfeito faz a cabeça de muita gente e outras dizem que “o importante é carburar”, pesquisadores foram atrás da ciência por trás da técnica de preparo de um baseado, e as descobertas sugerem que forma e efeito estão diretamente ligados.

“Há uma falta de pesquisa quantitativa sobre o fumo de maconha. Quero entender o que acontece durante a inalação no lado químico”, diz Markus Roggen, presidente e diretor científico do Delic Labs, centro de pesquisa de cannabis e psilocibina em Vancouver, no Canadá, que decidiu investigar se a concentração de canabinoides era o fator mais importante na determinação do efeito intoxicante da maconha – e que outras coisas contribuem para uma experiência agradável. Seu trabalho foi apresentado na Canadian Chemistry Conference and Exhibition em Vancouver em junho, conforme reportagem da Scientific American.

 

 

 

Para encontrar o modelo para o baseado perfeito, Roggen e sua equipe prepararam amostras de variedades de cannabis dominantes em THC e CBD. Usando um moedor de café e uma peneira, eles prepararam lotes cannabis com espessuras de um, três e cinco milímetros de diâmetro. Em seguida, eles fizeram cigarros de 0,5 grama cada, despejando a matéria vegetal em cones de papel pré-enrolados disponíveis comercialmente. Depois, conectaram os cigarros a uma máquina “simuladora de ciclo de fumaça” que “inalava” uniformemente seis vezes por três segundos cada e depois “exalava”. Os filtros coletaram os aerossóis no bocal impresso em 3D da máquina, e os pesquisadores usaram técnicas de química analítica para medir os níveis de aerossóis de sopros feitos no início, meio e final de cada beck.

O que se descobriu é que a quantidade de THC e CBD fornecida por cada tamanho de partícula testado é importante para a intensidade. Para ambas as variedades de cannabis, o tamanho de partícula de 1 mm forneceu o maior canabinoide por tragada, enquanto o tamanho de 5 mm foi menos intenso, mas levou a sessões mais duradouras. Pedaços menores expuseram uma área de superfície maior à chama mais rapidamente, proporcionando uma queima mais rápida e eficiente. E, independentemente do tamanho da partícula, a maior concentração de canabinoides por tragada veio no final do baseado. Enquanto isso, os terpenos, substâncias químicas da cannabis que contribuem para o sabor, saíram da planta no início do baseado. Isso sugere que um baseado fornecerá o melhor sabor no início e fornecerá a concentração mais forte de canabinoides no final.

Surpreendentemente, enquanto os baseados dominantes em THC forneceram um total de 19 a 28 miligramas de THC por cigarro, as versões dominantes em CBD forneceram impressionantes 90 a 100 mg de CBD – isso é 200 a 400% a mais do canabinoide dominante.

“A quantidade de canabinoide que chega à sua boca é maior para o CBD do que para o THC”, diz Roggen. “Não sei explicar, mas estou muito intrigado.”

A pesquisa é útil não apenas para produtores comerciais de baseados pré-enrolados, que podem se beneficiar do conhecimento sobre o tamanho das partículas dichavadas para ampliar os efeitos do produto, mas para pacientes e médicos prescritores de cannabis in natura, que veem na dosagem imprecisa da cannabis inalada uma barreira para os tratamentos com ela.

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Fotografia de capa: Nick Harsell | Unsplash.

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