Cinco dicas cruciais para não errar na extração do Ice
Fazer a própria extração pode ser desafiador por diversos motivos e o medo de errar e perder a matéria é um dos principais. Pensando nisso, separamos cinco dicas cruciais para você ter menos chances de errar e, assim, uma melhor experiência na hora de extrair com água e gelo. Veja abaixo no texto de Jorge Mendes e Felipe del Valle
Dentro do universo das extrações sem solvente, o processo do Ice (ou bubblehash, ice-water-hash, gelo, ice-o-lator, melt) é o que envolve mais etapas e, consequentemente, mais pontos onde é possível errar, com chances de afetar o resultado final. Por isso, é muito importante, principalmente nessa extração, ter atenção e planejamento em todo o processo.
Leia também: Como a maturação dos tricomas influencia nas extrações sem solvente?
Dependendo da estrutura e dos equipamentos utilizados, é possível minimizar erros e perdas no meio do caminho, mas diversas variáveis durante o processo podem afetar seu resultado e fazer uma grande diferença. Isso por que muitas vezes (principalmente no Brasil) nem todos têm a possibilidade de ter um ar-condicionado ou equipamentos dedicados ao processo. Mas isso não é motivo para não tentar e experimentar. Não tem problema não conseguir cumprir todos os pontos que vamos colocar abaixo em um primeiro momento, nas primeiras experiências. Mas quanto mais você aperfeiçoar os detalhes, melhor será o seu resultado.
1 – Planejamento
Pense em tudo que você vai precisar antes de iniciar. Esse ponto é chave para você evitar problemas e ter a capacidade de resolver de uma forma prática e rápida os possíveis contratempos que aparecerão. Alguns exemplos do que é importante nesse planejamento:
Estrutura do lugar para o processo. Veja se o espaço é grande o suficiente para o processo completo, se tem uma pia ou opção para descarte de água, local para armazenar o gelo e também o material final após a coleta, e água limpa de fácil acesso. Caso utilize a Washer OG (o tanquinho da Overgrow), verifique se o local possui uma tomada por perto e se a temperatura do ambiente está de acordo.
Equipamentos, gelo e água. Certifique-se de que está com tudo que precisa para o processo. A dica aqui é fazer uma lista de equipamentos para ter o controle de que não está esquecendo nada. Alguns exemplos para te ajudar: Washer OG, baldes, Ice Bags, água e gelo suficientes, acessórios como o press-screen (tapetinho de secagem), colher, faca sem corte, copo/bowl, bandeja, silicone paper, geladeira/freezer, mesa/superfície, panos secos, ralador. Tenha um reservatório com água limpa e gelada sempre disponível. Evite ter que gelar água durante o processo. A água gelada é usada na lavagem e também na limpeza dos equipamentos e acessórios. Tenha gelo de sobra e um local adequado para manter esse gelo congelado durante todo o processo.
Tempo. O processo completo da extração do ice pode demorar mais de 6 horas facilmente. Dependendo da quantidade/qualidade do material, quantas bags você decide usar e de quantas batidas (lavagens) você vai fazer, o processo pode demorar mais ou menos, mas, sem dúvidas, é o mais demorado entre as extrações sem solvente.
Então, faça em um momento em que você vai ter esse tempo para dedicar ao processo, a pressa é inimiga da perfeição e, nesse caso, pode até baixar o seu rendimento ou afetar o seu resultado. Outro ponto importante é a limpeza dos equipamentos, principalmente a Washer e as Ice Bags. Separe um tempo no fim do processo, e se você não tiver tempo para fazer a limpeza após o uso, nem comece. Os filtros das Ice Bags podem ficar inutilizáveis depois de alguns usos sem a limpeza adequada.
2 – Reidratação do material
Essa é uma etapa superimportante no processo e, muitas vezes, por falta de conhecimento e experiência, as pessoas deixam de fazer ou não acham relevante. E isso pode afetar diretamente o seu resultado final. É importante ter a certeza de que a matéria está bem reidratada quando usamos a matéria seca, mas o procedimento é necessário também no caso do material fresco (Fresh Frozen). Se a planta está seca durante a lavagem, ela fica mais quebradiça, se despedaça com mais facilidade e esses pedaços podem ficar bem pequenos, como um farelo, passando pelos filtros e “contaminando” a sua extração com matéria vegetal.
A reidratação precisa ser feita antes de começar a agitação. A planta fica submersa na água de 10 a 20 minutos, trazendo de volta a umidade e tornando ela mais maleável, menos quebradiça, evitando chances de contaminação. O que realmente separa as cabeças dos tricomas da planta da forma mais efetiva é o movimento da água, não é o atrito com gelo ou com a colher de pau. Esse movimento não agressivo, em que os tricomas se separam da planta sem a quebra da mesma, é a forma ideal para um resultado sem contaminantes.
Você pode checar o ponto de hidratação da matéria abrindo uma flor e vendo se ela está completamente hidratada por dentro. Se não estiver hidratada por inteiro espere mais um pouco.
#PraTodosVerem: foto mostra um balde com cannabis e gelo, fazendo a hidratação da matéria. Foto: Overgrow.
3 – Temperatura do ambiente
A temperatura do ambiente é um dos pontos que mais podem afetar o processo. Abaixo de 20 ºC você já consegue ter uma experiência legal, mas o ideal é abaixo de 10 ºC, sendo que hash makers profissionais nos seus cold rooms chegam a extrair perto do 0 ºC.
Alguns fatores que podem ser afetados pela temperatura ambiente elevada: a água do reservatório, como da Washer OG ou balde de agitação, perde o gelo rapidamente, isso gera uma necessidade de ficar esfriando a água mais vezes. Assim, o risco da água esquentar e dificultar a separação dos tricomas da planta e de criar contaminantes é bastante alto. Durante a coleta, a resina pode ficar mais pegajosa, dificultando essa etapa do processo ao ficar grudada nos filtros causando até uma perda de rendimento. Após a coleta, a resina começa a oxidar e degradar em temperatura elevada, existe perda de terpenos e, dependendo do tempo e temperatura em que a resina é exposta, pode até alterar o perfil de canabinoides da extração.
A dica aqui é fazer em um local com ar-condicionado ou esperar aquele dia bem frio e em último caso (em lugares mais quentes com pouco tempo de frio) fazer durante a noite, que é mais fresco.
4 – Pouco gelo e temperatura da água
Não só a temperatura do ambiente é muito importante. A da água, que está em constante contato com a planta e os tricomas, é ainda mais crucial para o processo. Os tricomas congelados se soltam com mais facilidade da planta, sendo assim, é importante manter a água onde a matéria está sempre muito gelada, em torno de 0 ºC.
Tenha atenção entre as batidas e enquanto a água estiver escorrendo pelas Ice Bags para não deixar o material esperando fora da água gelada por muito tempo. Se for reutilizar a mesma água nas diferentes lavagens, o ideal é escorrer ela nas bags e já devolver para a Washer OG (ou balde de agitação) para manter a matéria constantemente gelada, antes mesmo da coleta (no caso do uso da Washer, você pode já começar a próxima batida enquanto coleta e limpa as bags). Se for usar água nova, certifique-se de que a água esteja bem gelada antes de entrar em contato com a planta.
Isso nos leva ao gelo utilizado na agitação. Aqui, menos é mais. O gelo deve ser utilizado visando a manutenção da temperatura da água da agitação. Não é o atrito/contato do gelo com a planta que vai extrair os tricomas da forma adequada, como vimos na parte da reidratação. Então, o desafio é não exagerar no gelo, mas manter a sua água trincando sempre.
Sequência mostrando a temperatura da água antes de acrescentar a matéria. Foto: Overgrow.
5 – Secagem (microplanning)
A secagem da resina é o último passo desse processo de extração. Após a coleta de cada Ice Bag e a secagem inicial na Press Screen (tapetinho de secagem), a resina deve ser levada para o freezer para realizarmos o processo de microplanning. Esse processo consiste em ralar (literalmente) a resina coletada para facilitar e garantir que o processo de secagem ocorra de forma homogênea. Você pode realizar esse procedimento em uma mesa ou pequenas bandejas forradas com Silicone Paper OG e um ralador convencional.
A resina esfarelada irá secar por igual, ao contrário de um bloco de resina que pode secar por fora mas ainda segurar umidade em seu interior.
Após ralar o material, leve para um ambiente controlado com temperaturas baixas e umidade em torno de 35%. Como essa relação de temperatura e umidade é difícil de simular, sugerimos que a secagem seja feita em uma geladeira Frost Free. Caso utilize a geladeira, lembre de evitar que a mesma esteja com cheiro forte de itens como alho, cebola e outros alimentos que possam impregnar seu cheiro na resina.
Sequência mostra a técnica de microplanning. Foto: Overgrow.
Depois da secagem, é armazenar ou consumir. Clique aqui e leia a matéria sobre o Frenchy Cannoli para entender mais a fundo o processo de armazenamento da extração.
Extração feita com gelo e água pronta. À esquerda, logo após a secagem, à direita, logo após passar pela técnica do Frenchy Cannoli.
A Overgrow é a primeira empresa brasileira de produtos para extração sem solvente. Quer conhecer mais sobre esse assunto? Baixe agora mesmo o e-book sobre extrações sem solvente da Overgrow clicando aqui.
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#PraTodosVerem: imagem traz duas fotos do Ice, uma onde uma extração pastosa de cor creme está sobre uma superfície redonda branca e também é visto uma lavadora, e outra onde diversos produtos da extração que remetem a pedaços de doce de leite de vários tamanhos e tons de marrom são vistos sobre um papel branco. Foto: Overgrow.
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