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Canabicamente: afeto e humor em um resgate à ancestralidade

Canabicamente: afeto e humor em um resgate à ancestralidade

Com irreverência e sensibilidade, dupla recifense retrata nas redes sociais a cultura canábica nordestina, preta, indígena e periférica – e lança podcast sobre a história da maconha sob tais perspectivas

Contrapondo a lógica elitista que reina na comunicação canábica, Mika Santana (25) e Rômulo Juan (28) celebram a maconha na cultura da periferia através do perfil Canabicamente que, com humor e leveza, revela as perspectivas nordestina, preta e indígena sobre a planta, resgatando ancestralidade, assumindo a narrativa e trazendo questionamentos pertinentes sobre passado, presente e futuro dessa história.

“A maconha move a cultura da periferia, a cultura do Brasil”, diz Mika. “A maconha na favela não é só sobre crime: é sobre muito afeto, sobre muito amor, sobre resistência. Então queremos focar no que a maconha traz para além dessa situação do crime, mostrar de dentro como funciona, sabe?”

O corre certo

Com esquetes bem humoradas que retratam situações corriqueiras de quem fuma um, o Canabicamente traz informações sobre ciência, história e redução de danos, sem deixar de lado assuntos que, de engraçados, não têm nada.

“Desde o começo do nosso projeto e da nossa visão, a gente quis trazer a ideia do humano”, conta Rômulo. “A gente luta muito pela planta livre enquanto tem muita gente presa, né?”.   

Do uso do prensado como forma de resistência diante do estado de proibição ao acesso à maconha como tratamento de saúde; da ilegalidade à consolidação de um projeto rentável e premiado, a trajetória da dupla revela o poder transformador do conhecimento ao mesmo tempo em que traz um senso de realidade para a criação de conteúdo do Canabicamente, pautado por sensibilidade, cuidado e respeito por quem segue na mira do proibicionismo.

“Há cinco anos, nós éramos essas pessoas. E virar esse jogo, começar a falar sobre maconha de forma legal, de forma sensível, que traz nossos ancestrais à tona, é uma coisa incrível para a gente”, diz Mika. “Sair do corre para fazer o corre certo, entendeu? Quero muito que cada vez mais pessoas consigam fazer isso”.

Canabicamente Falando

Além de divertir, informar e inspirar um público que se vê representado pela narrativa sobre o que é ser maconheiro, preto, indígena e periférico no Brasil, o Canabicamente propõe um resgate à ancestralidade a partir dessa perspectiva.

“A gente já viu outros conteúdos de pessoas não racializadas que falam sobre a história da maconha, mas não entram tão a fundo no assunto. Sempre falam que a maconha veio de África com os negros que vieram de lá, os povos escravizados, os indígenas que começaram a introduzir isso na sua cultura, mas não tinha representatividade de pessoas negras e indígenas falando sobre isso realmente”, diz Rômulo.

Daí, surge a ideia do Canabicamente Falando, um podcast que aborda a história da maconha e seu impacto na cultura periférica, cujo projeto foi vencedor do programa Sound Up Brasil 2022, promovido pelo Spotify.

“Estivemos seis meses no Spotify, fazendo cursos e entendendo como a gente podia fazer esse podcast. Quando acabou o curso, começamos a produzir. Estamos há um ano produzindo”, conta Mika.

Com o financiamento oferecido como parte da premiação, eles investiram na produção da primeira temporada do Canabicamente Falando, que terá oito episódios, sendo quatro em vídeo, em que Mika narra a história da maconha enquanto Rômulo, no papel do Marolinha, traz um alívio cômico ao interpretar a lombra da narradora. Além disso, o podcast traz para a roda pessoas comuns, como uma curandeira e uma mãeconheira, que agregam visões únicas à história.

“Nessa primeira temporada a gente escolheu esse lugar de afeto, de aquilombamento, de se juntar, de lutar, de entender quem a gente é, e entender esse lugar de amor com a maconha”, explica Mika.  Com estreia prevista para este mês de junho, a dupla busca recursos para custear a finalização do projeto e outras ações de divulgação, através de cotas de anúncio para empresas e também de financiamento coletivo para pessoas físicas que quiserem fortalecer esse corre.

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