Afinal, o Bem Bolado e a música são mesmo feitos um para o outro? Descubra as nuances da relação entre erva e produção musical
Que ouvir um som para curtir a brisa é bom todo mundo sabe. E que grandes artistas, do jazz ao funk, usam a cannabis como inspiração, também. Mas, o que faz com que música e maconha combinem tanto? A resposta para isso tem a ver com a forma com que a planta age no nosso corpo, aumentando a percepção auditiva, promovendo a sinestesia e aguçando a criatividade. Bora dichavar esses conceitos?
Altos sons
Se você já experimentou uma session musical e sentiu o som bater diferente na alma, com novas nuances e sutilezas, é por que a verdinha atua no sistema endocanabinoide, que monitora funções do cérebro, como memória, humor, concentração, e atinge áreas que processam alguns dos nossos estímulos sensoriais, como a audição. Por isso, ela pode contribuir para elevar nossa percepção auditiva — um baita benefício para quem produz música.
Sinestesia
Essa palavra de bela sonoridade traz um conceito mais belo ainda: sinestesia é um fenômeno neurológico que permite que nossos sentidos se entrelacem de maneira que é possível sentir o cheiro de cores ou ouvir com o toque. Uma brisa ainda não completamente desvendada pela ciência, que pode ocorrer com ou sem o uso de substâncias psicoativas (e que em alguns casos é um distúrbio). Mas, algumas substâncias, como psilocibina, LSD e a maconha, têm a capacidade de provocar sinestesias temporárias. Essas experiências sensoriais contribuem para a expansão da percepção e, consequentemente, da criatividade na hora de produzir.
Criatividade
A relação entre a maconha e a criatividade é alvo de estudos que não representam consenso — alguns apontam para um possível aumento da fluência verbal e capacidade associativa associado à erva, enquanto outros sugerem que o que aumenta é a percepção de criatividade.
De acordo com o professor e diretor da unidade de neuropsicofarmacologia do Imperial College London, as substâncias da cannabis parecem quebrar formas rígidas de as pessoas pensarem e sentirem, o que permite novos insights para a arte.
“Isso ocorre, em grande parte, via circuitos neurais de alto nível, sobretudo nos lobos frontais”, diz.
De qualquer forma, a prática revela que muitas mentes criativas recorrem à maconha para estimular processos criativos: do astrofísico Carl Sagan, que disse ter escrito onze ensaios sob o efeito da maconha, à cantora Lady Gaga, que afirmou que fuma um para compor suas músicas.