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Cortes do Governo Trump em pesquisas ameaçam avanço da cannabis

Com essa medida, a continuidade das pesquisas corre sério risco, podendo comprometer avanços médicos, econômicos e regulatórios. Esse cenário gera preocupação tanto nos EUA quanto em outros países, como o Brasil, onde a regulamentação do setor ainda depende de estudos e comprovações científicas para avançar

Os recentes cortes no financiamento de pesquisas científicas nos Estados Unidos podem ter um impacto direto no avanço da cannabis como mercado regulado e reconhecido por suas aplicações médicas e industriais. A decisão do governo Trump de reduzir drasticamente os custos indiretos cobertos pelo National Institutes of Health (NIH) afeta mais de 565 estudos em andamento, incluindo aqueles que analisam os efeitos terapêuticos da cannabis, de acordo com uma revisão do MJBizDaily e entrevistas com cientistas e acadêmicos.

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A falta de pesquisas científicas robustas pode dificultar a defesa da regulamentação da cannabis, além de abrir espaço para alegações não fundamentadas sobre seus possíveis malefícios. Esse cenário gera preocupação tanto nos EUA quanto em outros países, como o Brasil, onde a regulamentação do setor ainda depende de estudos e comprovações científicas para avançar.

Cientistas Alertam para Retrocesso

Pesquisadores renomados, como Angela Bryan, da Universidade do Colorado Boulder, alertam que, sem financiamento adequado, muitos estudos precisarão ser interrompidos. Bryan lidera pesquisas sobre os impactos do THC no humor, na dor e no sono, além de avaliar a cannabis em cuidados paliativos para pacientes com câncer. Para ela, os cortes representam um entrave significativo ao entendimento científico da planta.

Outro ponto crítico é a dependência da ciência em relação ao financiamento federal. Enquanto estados como a Califórnia destinam recursos próprios para pesquisas, cientistas afirmam que isso não é suficiente para manter laboratórios operando no nível necessário. Ziva Cooper, da UCLA, destacou que as concessões do NIH sempre foram essenciais para estudos de impacto.

O Reflexo na Regulamentação

O corte de financiamento ocorre em um momento crucial para a regulamentação da cannabis nos EUA. Com a possibilidade de reclassificação da planta em nível federal, a falta de estudos pode ser utilizada como argumento por opositores da legalização para barrar avanços. A incerteza também abre margem para disputas jurídicas e políticas, minando a segurança jurídica da indústria, que já movimenta US$ 32 bilhões anualmente.

O impacto se estende ao Brasil, onde a busca por um marco regulatório para a cannabis está diretamente ligada ao respaldo científico internacional. Sem estudos robustos provenientes dos EUA, um dos principais centros de pesquisa sobre a planta, o país pode enfrentar dificuldades adicionais na construção de políticas públicas embasadas.

Ciência e Mercado Andam Lado a Lado

A regulamentação da cannabis precisa estar ancorada na ciência. Sem pesquisas confiáveis, tanto os avanços na saúde quanto as oportunidades econômicas podem ser comprometidos. No Brasil, estamos em um momento estratégico para ampliar o debate sobre a cannabis e seus múltiplos usos, mas para isso, é fundamental garantir que o conhecimento continue sendo produzido sem entraves políticos ou financeiros.

O corte de financiamento nos EUA acende um alerta global sobre o impacto das decisões políticas na evolução da cannabis como uma commodity sustentável e um recurso médico de grande potencial. O Brasil, ao acompanhar essa movimentação, tem a chance de se antecipar e fomentar pesquisas independentes, fortalecendo sua posição no cenário internacional.

A ciência não pode ser silenciada. A cannabis já faz parte da realidade econômica e social, e impedir seu estudo não mudará esse fato. O caminho é fortalecer o conhecimento e construir um futuro regulado, seguro e baseado em evidências.

Foto: Canva Pro

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