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Uso de maconha está associado ao aumento de atividades físicas leves, segundo estudo

Mais uma pesquisa derruba o estereótipo do “maconheiro preguiçoso”

O uso de maconha não está associado a um aumento do comportamento sedentário, segundo um novo estudo que investigou a relação entre o consumo recente de cannabis e a realização de atividade física. As descobertas publicadas na revista Cannabis and Cannabinoid Research mostram que os consumidores da planta, na realidade, foram mais propensos a realizar atividades leves.

Partindo do princípio que o uso de cannabis tem sido associado à redução da atividade física e ao aumento do comportamento sedentário e que ainda não há provas conclusivas de tal associação, uma vez que os estudos existentes basearam-se principalmente em autorrelatos, uma equipe de pesquisadores canadenses buscou investigar mais a fundo usando dados de acelerômetros.

Eles avaliaram a atividade física em uma coorte de 4.660 adultos com idades entre 18 e 59 anos, que participaram da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição dos EUA. Os participantes usaram um acelerômetro de pulso que realizava um monitoramento contínuo de atividade, mobilidade e sono. Foram incluídas no estudo as pessoas que responderam a um questionário sobre maconha e tinham pelo menos quatro dias de dados registrados.

Os autores relataram que os consumidores de cannabis não eram mais propensos a apresentar um maior tempo de sedentarismo ou realizar atividades físicas vigorosas. No entanto, maiores níveis de atividade física leve foram observados entre os participantes que relataram uso recente de maconha.

“O uso recente de cannabis em adultos jovens e de meia-idade não foi associado ao tempo sedentário ou de atividade física moderada a vigorosa medido pelo acelerômetro, mas foi associado a um aumento marginal no tempo de atividade física leve”, conclui o artigo. “Nossas descobertas fornecem evidências contra as preocupações existentes de que o uso de cannabis promove de forma independente o comportamento sedentário e diminui a atividade física.”

Os pesquisadores, afiliados à Faculdade de Medicina e ao Departamento de Anestesiologia da Universidade de Toronto, ressaltaram que mais estudos são necessários para determinar se os resultados se generalizam para populações específicas que usam maconha, incluindo pacientes com dor crônica.

As descobertas somam-se a um corpo crescente de estudos que refutam o estereótipo do maconheiro preguiçoso. O consumo de maconha, na verdade, vem sendo associado a uma maior disposição física e motivação para concluir tarefas.

Um estudo divulgado recentemente por outra equipe canadense descobriu que os consumidores frequentes de cannabis não ficam mais apáticos, nem menos motivados para perseguir os seus objetivos. Os resultados revelaram ainda que os usuários crônicos de maconha experimentam um aumento nas emoções positivas, como admiração e gratidão, e uma redução em algumas emoções negativas, como medo e ansiedade.

“Existe um estereótipo de que os consumidores crônicos de cannabis são de alguma forma preguiçosos ou improdutivos”, disse Michael Inzlicht, professor do departamento de psicologia da Universidade de Toronto. “Descobrimos que não é esse o caso — os seus comportamentos podem mudar um pouco no momento em que estão chapados, mas as nossas evidências mostram que não são preguiçosos nem carecem de motivação.”

Em outro estudo, pesquisadores afiliados à Universidade do Colorado examinaram o impacto do uso de cannabis na aptidão física e nos esforços para aumentar o exercício em idosos. A análise revelou que os consumidores de maconha tenderam a fazer mais exercícios formais e se envolver em mais atividades físicas do que os não consumidores.

Ainda outro estudo, conduzido por pesquisadores britânicos, constatou que o uso “moderado” de maconha não está associado à falta de motivação ou incapacidade de aproveitar o prazer obtido com recompensas, em adultos ou adolescentes. Os cientistas também não encontraram diferença entre usuários e não usuários na realização de tarefas de esforço físico.

“Há muita preocupação de que o uso de cannabis na adolescência possa levar a resultados piores do que o uso de cannabis na idade adulta. Mas nosso estudo, um dos primeiros a comparar diretamente adolescentes e adultos que usam cannabis, sugere que os adolescentes não são mais vulneráveis do que os adultos aos efeitos nocivos da cannabis na motivação, na experiência de prazer ou na resposta do cérebro à recompensa”, explicou o Dr. Will Lawn, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London.

Imagem de capa: Rawpixel.

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Joel Rodrigues

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