Alessandro Rodrigo foi suspenso após seu antidoping apontar metabólito da maconha; WADA mantém canabinoides proibidos em competição mesmo sem provas científicas de que a cannabis proporcione melhora de desempenho
Tricampeão paralímpico e mundial de lançamento de disco, Alessandro Rodrigo da Silva está na lista de convocados para os Jogos Paralímpicos de Paris, divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O atleta está de gancho por doping, mas a suspensão terminará antes do início do evento, que acontece entre agosto e setembro.
Alessandro, que também é tricampeão no Jogos Parapan-Americanos, foi suspenso provisoriamente após seu exame antidoping apontar para a presença de carboxi-THC (principal metabólito do canabinoide tetraidrocanabinol, formado no organismo após o consumo de cannabis). A violação ocorreu durante a primeira etapa nacional do atletismo paralímpico, em março deste ano.
Ele recebeu três meses de suspensão, a pena mínima prevista no Código Brasileiro Antidopagem, estabelecida quando o atleta pode demonstrar que a ingestão da “substância de abuso” ocorreu fora de competição e que não havia relação com o desempenho esportivo. A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem segue a lista de substâncias proibidas da AMA (Agência Mundial Antidopagem), que inclui todos os canabinoides, exceto o canabidiol.
Segundo o blog Olhar Olímpico, Alessandro começou a cumprir a suspensão em 24 de abril. Isso significa que ele estará liberado para voltar às competições em 23 de julho, a tempo de ir às Paralimpíadas. Ele foi um dos convocados pelo CPB e deverá estar entre os atletas que competirão no Stade de France, o maior estádio da França, que sediará as competições de atletismo dos Jogos Paralímpicos.
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Principal nome do lançamento de disco na classe F11 (para atletas com deficiência visual), Alessandro conquistou o ouro no lançamento de disco e no arremesso de peso nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, ouro no lançamento de disco e prata no arremesso de peso no Mundial de Paris (2023), ouro de lançamento de disco e prata no arremesso de peso nos Jogos Paralímpicos de Tóquio (2021), ouro no lançamento de disco e bronze no arremesso de peso no Mundial de Dubai (2019), ouro no arremesso de peso e no disco nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, ouro no lançamento de disco no Mundial de Londres (2017), ouro no lançamento de disco nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, e dois ouros no arremesso de peso e lançamento de disco nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015.
Embora estudos já tenham demonstrado que a maconha não proporciona nenhuma melhora de performance aos atletas que a consomem, a AMA (ou WADA, na sigla em inglês) ignora a ciência e mantém a planta proibida em competições. Segundo a agência, o uso de cannabis “viola o espírito do esporte” e “pode impactar negativamente a saúde, a segurança ou o bem-estar do atleta”.
Em um editorial publicado na Addiction, a WADA alegou que o consumo de maconha pode “resultar em déficits no tempo de reação, estimativa temporal e destreza”, bem como possíveis sintomas psiquiátricos, e que seu uso durante a adolescência pode afetar desenvolvimento do cérebro. A agência determinou que o “potencial do uso de cannabis para comprometer a saúde e a segurança do atleta qualifica a aplicação do critério” de “risco real ou potencial para a saúde do atleta”.
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#PraTodosVerem: fotografia de capa mostra Alessandro Rodrigo da Silva usando uma regata amarela e verde com o logo do Comitê Paralímpico Brasileiro em azul e branco e o nome do Brasil em preto, e um tapa-olhos estampado, enquanto arremessa uma bola de arremesso amarela. Imagem: Alessandra Cabral / CPB.