Nova instalação para produção de medicamentos derivados da maconha conta com equipamentos de última geração
A Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) anunciou que vai inaugurar o laboratório de cannabis medicinal mais moderno do Brasil. O equipamento foi construído seguindo todas as normas e recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sendo referência em tecnologia na produção dos medicamentos à base da planta.
Primeira instituição do país a ter autorização para o plantio e distribuição de maconha medicinal, a Abrace agora terá sua capacidade de produção ampliada para cinco mil frascos de medicamento por lote. A associação paraibana, que mantém um cultivo de quatro hectares de cannabis, poderá atender um número ainda maior de pacientes. Hoje, cerca de 49 mil associados são atendidos pela entidade, que até então era capaz de produzir 500 frascos por lote.
Localizado em João Pessoa, o laboratório possui estrutura e equipamentos modernos e foi construído especificamente para a fabricação dos óleos da Abrace, segundo um comunicado da associação. O espaço conta com quatro setores chaves que são gerenciados por farmacêuticos.
“O setor de produção, onde os óleos são fabricados, o setor de controle de qualidade, onde são feitas as análises de todas as matérias-primas e do óleo finalmente acabado, antes de liberar para o mercado, o setor de logística industrial que faz toda a movimentação, desde a compra das matérias-primas qualificadas até a distribuição dos produtos acabados, e por último o setor de garantia de qualidade que fiscaliza toda a fabricação, é uma obrigatoriedade que todas as indústrias de medicamentos têm, como se fosse o fiscal, a Anvisa dentro da própria instituição, pegando todas as normas, avaliando toda a legislação e aplicando nos demais setores”, explicou o farmacêutico Umberto Souza, gerente do laboratório.
Segundo Souza, foram feitas estruturações muito boas, como a estrutura física em si do laboratório que foi construída com material que facilita a limpeza, tanto o chão quanto a parede e o sistema de ar, tudo projetado para a fabricação de medicamentos.
Além disso, outros equipamentos que estão chegando ao laboratório irão proporcionar à Abrace fazer 100% das análises internamente — atualmente algumas delas são terceirizadas e o material precisa ser enviado para fora. “Com os novos equipamentos tudo será feito no nosso próprio laboratório, agilizando todo o processo”, comentou Souza.
O diretor executivo da Abrace, Cassiano Gomes, também comentou sobre o importante marco que a inauguração do laboratório representa para a instituição. “Esse novo laboratório é um sonho realizado. Hoje a Abrace está entregando esse patrimônio aos seus associados de um laboratório de padrão internacional, atendendo todas as exigências da Anvisa e prezando a garantia da qualidade que o medicamento foi feito da sua melhor forma, com a sua melhor formulação para que a gente possa atender às diversas demandas dos associados”, destacou o diretor.
A instalação conta com equipamentos de produção modernos, como os tanques reatores para diluição do óleo com agitação, tempo e temperatura controlados, feito em material sanitário, dentro dos padrões da Anvisa. O laboratório também possui uma envasadora automática, que garante menor contato do operador com os produtos, e uma rotuladora automatizada para padronização e rapidez nos processos de rotulagem dos óleos.
Para o controle da dose de fitocanabinoides dos óleos e identificação dos extratos, a Abrace conta ainda com um cromatógrafo de alta eficiência e espectrômetro. Aparelhos de titulação para análises de umidade e outros contaminantes dos insumos também fazem parte do rol de equipamentos do laboratório.
A inauguração do laboratório vai acontecer no prédio da Abrace localizado no Parque Solon de Lucena (Lagoa), centro de João Pessoa, no próximo dia 31 de julho. O evento contará com a participação de autoridades, cobertura da imprensa e visitação seletiva às instalações.
Fundada há mais de dez anos, a Abrace conquistou em 2017 a autorização judicial que a permitiu cultivar e extrair derivados de cannabis legalmente para uso de seus associados. A liminar concedida pela Justiça Federal da Paraíba foi ratificada em 2022 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não reconheceu um recurso interposto pela Anvisa e apontou para a omissão do governo federal em regulamentar o cultivo de maconha para fins medicinais.
Fotografia de capa: Abrace / Divulgação.
