Inflorescências com alto teor de THC serão utilizadas para fins terapêuticos
A empresa estatal argentina Cannava concretizou sua primeira exportação de flores de maconha para a Europa e Austrália. Esta conquista é o resultado de seis anos de trabalho de pesquisa, desenvolvimento e produção, para posicionar a província de Jujuy como referência na exportação de cannabis de qualidade farmacêutica.
A empresa jujena, que está sob a direção de Gastón Morales, fechou contratos para envio de flores de cannabis para Alemanha, Portugal e Austrália. Estas flores, com elevado teor de THC (entre 20% e 27%), serão utilizadas exclusivamente para uso terapêutico. “Só com base nestes contratos, recebemos pedidos de compra de 730 quilos de flores para três destinos, o que representa um faturamento anual de 5 milhões de euros”, comentou Morales, segundo a Infobae.
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O impacto econômico da maconha argentina
O avanço no uso da cannabis medicinal a nível internacional é acompanhado por um impacto econômico significativo para a província de Jujuy. Estima-se que o volume de negócios cresça para 7,6 milhões de euros no segundo ano, “com um crescimento sustentado da procura de 5% ao ano”, indicou Morales.
Em 2023, quando uma equipe representante da Cannava se deslocou à Suíça e à Alemanha para apresentar o seu trabalho na Finca El Pongo, foram “assistidos pela embaixada na Alemanha, o que facilitou uma série de reuniões com empresas europeias”, segundo o diretor da empresa. Essas alianças comerciais deram à organização contratos de fornecimento de longo prazo.
Este ano, consolidou a sua presença na Austrália ao assinar um contrato com a Cannabas PTY, garantindo a venda de 1.250 quilos no primeiro ano e 2.500 quilos no segundo. A Austrália possui um modelo regulatório que permite a venda de flores de cannabis em farmácias licenciadas. Mas devido à sua produção local limitada, tornou-se um mercado chave para se aventurar em matéria de cannabis.
Morales antecipou que em novembro será lançada uma convocatória para empreendimentos de cannabis no setor privado, com o objectivo de criar um sistema de produção público-privado que fortaleça ainda mais a indústria.
No entanto, a cannabis na Argentina enfrenta vários desafios regulatórios. A Lei 27.669 ainda não foi totalmente implementada, a Agência Reguladora da Indústria do Cânhamo e da Cannabis Medicinal (Ariccame) permanece sem designações há sete meses e os atrasos no Reprocann (programa de registro de cannabis) continuam. Então, se o futuro da maconha na Argentina é tão promissor, por que ainda é difícil reconhecer o direito da sociedade a esta planta tão importante para o mercado internacional?
Por Lucía Tedesco, publicado originalmente no El Planteo.
Imagem de capa: Cannava / Divulgação.