Pesquisa fornece evidências de que a cannabis pode ser um tratamento eficaz para mulheres com disfunção orgásmica
A cannabis pode trazer benefícios às mulheres que têm dificuldades ou disfunções no orgasmo, segundo um novo estudo que analisou o efeito do uso de maconha antes do sexo com parceiro em mulheres com e sem dificuldade para atingir o clímax. Os achados foram publicados recentemente na revista Sexual Medicine.
Entre as participantes que relataram dificuldades para atingir o orgasmo durante a atividade sexual com um parceiro, as mulheres que usaram cannabis antes do sexo disseram que isso aumentou a frequência dos orgasmos, tornou o orgasmo mais fácil e melhorou a satisfação.
Para o estudo, foram convidadas mulheres sexualmente ativas que usaram cannabis para preencher uma pesquisa anônima de 41 perguntas. Um total de 387 participantes maiores de 18 anos que usaram maconha e estiveram envolvidas em relações sexuais com parceiros nos últimos 30 dias atenderam aos critérios de inclusão (não estar grávida ou amamentando e não ter usado outras “substâncias recreativas” durante o último mês).
A maioria das mulheres (202) que participaram do estudo relatou dificuldade em atingir o orgasmo durante a atividade sexual com um parceiro.
Os dados revelaram que, entre as mulheres que relataram ter dificuldades para atingir o orgasmo, a frequência de orgasmos aumentou quase 40% com o uso de maconha, sendo que 88,8% das participantes desse grupo disseram experimentar orgasmo ao usar cannabis, em comparação com 63,3% sem cannabis. O número de mulheres que afirmaram quase nunca ou nunca terem orgasmo diminuiu 68,9% com o uso de maconha.
Ao mesmo tempo, a dificuldade de atingir o orgasmo diminuiu 35,4%, com 61,4% das mulheres com disfunção orgásmica relatando que o clímax foi ligeiramente difícil, difícil, muito difícil ou extremamente difícil com cannabis, em comparação com 95,1% sem a cannabis. Já o número de participantes que indicaram ser quase impossível de atingir o clímax diminuiu 67,4 após o uso da cannabis, com apenas 7,4% das participantes que usaram a planta relatando essa situação.
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Em relação à satisfação com o orgasmo, houve um aumento de 97,7% após o uso de cannabis — 86,1% das mulheres com disfunção orgásmica relataram que estavam satisfeitas com a cannabis, em comparação com 43,6% sem cannabis. As mulheres que relataram que estavam moderadamente ou muito insatisfeitas diminuíram 75,4% após a maconha.
O estudo também descobriu que uma porcentagem estatisticamente alta (32,3%) de mulheres que tinham histórico de abuso sexual, com ou sem disfunção orgásmica, relataram ter experimentado uma resposta de orgasmo mais positiva à cannabis antes da atividade sexual.
A forma de utilização mais comum foi o uso fumado, seguido dos comestíveis, óleo vaporizado e vaporização de flores. A maioria das participantes relatou que usava maconha antes do sexo na maior parte das vezes, sendo que o principal motivo de uso mais relatado foi para relaxamento.
A duração do histórico de uso de cannabis por uma mulher antes do sexo não foi estatisticamente significativa para mulheres com disfunção orgásmica, visto que as participantes relataram experiências de orgasmo melhoradas, independentemente de quantos meses ou anos antes do sexo elas usaram maconha.
“Minha pesquisa, que foi a primeira a dicotomizar mulheres com e sem dificuldade de orgasmo, apoiou 50 anos de pesquisa sobre cannabis e sexo, revelando resultados estatisticamente significativos de que a cannabis ajuda mulheres com dificuldade de orgasmo e melhora a frequência, a facilidade e a satisfação do orgasmo”, disse a autora do estudo Suzanne Mulvehill, diretora executiva do Female Orgasm Research Institute e fundadora do Women’s Cannabis Project, ao PsyPost.
No entanto, o uso de cannabis antes do sexo não ajudou todas as mulheres a terem orgasmo. Entre as entrevistadas, 4% relataram nunca terem tido um orgasmo, mesmo tendo usado maconha antes da atividade sexual com um parceiro.
Em seu artigo, Mulvehill destaca que também é essencial explorar o uso da cannabis como um tratamento para anorgasmia primária (condição em que a pessoa nunca teve um orgasmo), bem como para mulheres que costumavam ter orgasmos mas agora não conseguem. “Este estudo, com relatos anedóticos e estudos menos focados, sugere que a cannabis pode melhorar o funcionamento orgástico nessas mulheres também”, escreveu.
A pesquisa foi conduzida por Suzanne Mulvehill e Jordan Tishler.
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Imagem de capa: Joan Sanchez | Pexels.