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Foto mostra parte de um frasco cor âmbar e um conta-gotas contendo óleo amarelo, além de uma planta de maconha, que aparece ao fundo. Imagem: Freepik / jetacomputer.

Universidade Estadual do Ceará terá estudo sobre uso de CBD para autismo financiado pelo Governo Federal

Resultados da pesquisa podem nortear a geração de políticas públicas para utilização do canabidiol no tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece) que pretende mapear as evidências sobre a eficácia do canabidiol (CBD), um dos compostos da maconha, no tratamento de Transtorno do Espectro Autista (TEA) receberá financiamento do Ministério da Saúde. O estudo foi o terceiro mais bem avaliado do país no edital publicado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

A pesquisa trata-se de uma revisão sistemática da literatura científica para selecionar estudos relevantes já realizados acerca da eficácia, tolerabilidade, efetividade e segurança do canabidiol como tratamento para crianças e adolescentes com TEA.

O estudo justifica sua relevância no aumento de diagnósticos de TEA e na crescente procura por tratamentos alternativos por parte de pais, cuidadores e profissionais de saúde. Atualmente, os medicamentos utilizados para a condição apresentam uma série de efeitos colaterais significativos. A risperidona, medicação prevista no protocolo de diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde, por exemplo, pode provocar sedação, enurese (falta de controle da urina), constipação, salivação, tremores, taquicardia, vômitos e discinesia (movimentos involuntários do corpo).

Dessa forma torna-se urgente a elaboração de uma análise abrangente e baseada em evidências científicas sobre a segurança e eficácia do canabidiol no tratamento desses pacientes.

“Nosso trabalho é único e de grande relevância para o Ministério da Saúde. Hoje o assunto é polêmico, extrapolou a esfera da ciência e há muita desinformação sobre o assunto. Assim, o MS reconhece a importância da pesquisa porque, através dos resultados, serão geradas evidências se o canabidiol pode ou não ser usado no TEA”, afirmou o coordenador da pesquisa, Gislei Frota, que é professor de Farmacologia na Faculdade de Medicina da Uece.

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Segundo Gislei, que também é coordenador do Grupo de Estudo em Neuroinflamação e Neurotoxicologia da Uece, os resultados do estudo poderão nortear a geração de políticas públicas para aplicação do canabidiol para o TEA por meio do Sistema Único de Saúde. “O objetivo é gerar evidências para a aplicabilidade no SUS, para que a partir dessas informações o SUS possa tomar decisões acerca desse uso”, explicou.

De acordo com um comunicado da Uece, o processo para o desenvolvimento da pesquisa já foi iniciado, tendo previsão para resultados em dezembro de 2024.

Além da pesquisa, atividades de divulgação também estão previstas, sendo realizadas em duas fases: a primeira, de julho a dezembro de 2024, levará às escolas, postos de saúde e outros espaços no Ceará palestras com vistas à conscientização sobre o uso de canabidiol sem evidências científicas no TEA; a segunda fase acontecerá de janeiro a julho de 2025, com palestras que terão como objetivo a divulgação dos resultados do estudo.

Os recursos financeiros fornecidos pelo Ministério da Saúde serão aplicados na aquisição de softwares e programas estatísticos e no custeio de assistência técnica e consultorias. O projeto receberá cerca de R$ 100 mil em apoio financeiro.

A equipe de pesquisa é formada pelos pesquisadores da Uece Gislei Frota Aragão, Carla Barbosa Brandão, Valter Cordeiro Barbosa Filho, Paulo Sávio Fontenele Magalhães e Cidianna Emanuelly Melo do Nascimento, e pela pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Kelly Rose Tavares Neves.

Dito isso, um estudo publicado recentemente na revista Pharmaceuticals descobriu que o tratamento com extrato de maconha dominante em canabidiol pode aliviar os sintomas do TEA. Os participantes apresentaram melhorias nas habilidades comunicativas, atenção, aprendizado e contato visual e diminuição da agressividade e irritabilidade, bem como um aumento na qualidade de vida.

Os autores concluíram que suas descobertas sugerem que o canabidiol pode ser uma opção segura e eficaz para tratar os sintomas principais e comórbidos do autismo, e também pode aumentar a qualidade de vida geral para indivíduos com TEA e suas famílias.

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Imagem de capa: Freepik / jetacomputer.

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Joel Rodrigues

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