Pesquisadora Pesquisa Cannabis

Crescimento no número de pesquisas científicas sobre cannabis

O avanço das pesquisas sobre cannabis tem crescido globalmente, refletindo-se no Brasil com mais publicações e autorizações para estudos. Entenda como essa evolução impacta a regulamentação, a ciência e a inovação no setor canábico

A pesquisa científica desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na consolidação do setor de cannabis, seja para uso medicinal, industrial ou social (recreativo). Com a crescente aceitação da cannabis em diversas partes do mundo, especialmente em relação ao seu uso terapêutico, a necessidade de estudos rigorosos e bem estruturados se torna ainda mais evidente.

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Vamos entender como o número de pesquisas sobre cannabis vem crescendo no mercado brasileiro e o que isso significa para quem consome maconha, seja para um tratamento médico ou mesmo socialmente.

Importância da pesquisa científica no setor canábico

Primeiramente, a pesquisa científica permite que os cientistas compreendam melhor os compostos químicos da planta, como o THC (tetraidrocanabinol) e o CBD (canabidiol), e seus efeitos no corpo humano. Isso possibilita o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e seguros para uma série de condições médicas, como dor crônica, epilepsia, ansiedade, entre outras.

Além disso, a pesquisa científica auxilia na regulamentação do setor, proporcionando dados sólidos para embasar políticas públicas e regulamentações que garantam a segurança e o controle de qualidade dos produtos derivados da cannabis.

O impacto das pesquisas no setor é, portanto, vasto e transformador. Elas não apenas promovem o avanço do conhecimento sobre os benefícios e riscos da planta, mas também criam oportunidades de inovação em várias áreas, como farmacologia, agricultura e indústria. À medida que mais estudos são realizados, o potencial da cannabis como um recurso natural para o bem-estar humano e para a economia global se torna ainda mais
evidente, destacando a importância de continuar investindo na ciência para explorar todo o seu potencial.

Crescimento de pesquisas sobre cannabis no Brasil

O Anuário da Cannabis Medicinal de 2024 produzido pela Kaya, apontou dados relevantes sobre as pesquisas no país. Por meio da base de dados PubMed, investigou-se o potencial erapêutico da planta em relação a uma variedade de condições médicas, usando os termos relacionados ao assunto.

Duas palavras-chave principais foram escolhidas para fazer essa busca, sendo “cannabis” e “canabidiol”. Nos últimos 10 anos, foram publicados 1.710 estudos no PubMed com esses dois termos apresentados.

O ano de 2020 foi o de maior crescimento para as publicações, apontando 23,4% em relação ao anterior. Já 2024 mostrou-se promissor, com uma representatividade de 60%, se comparado ao ano anterior completo.

Adentrando um pouco mais sobre as temáticas, saúde mental foi o tema que mais se destacou, principalmente a respeito de assuntos ligados à ansiedade, estresse e depressão. Além disso, redução de danos e prevenção entre jovens e adolescentes também tem se mostrado um tema cada vez mais relevante.

As análises foram divididas em três grupos:

  • 62% com teste controlado aleatório (ECA), um tipo específico de estudo clínico, considerado mais rigoroso em termos de design metodológico;
  • 26% de meta-análise, uma combinação dos resultados de vários estudos sobre a mesma temática, usando métodos estatísticos para obter uma conclusão;
  • 12% para estudo clínico, envolvendo seres humanos para testar a segurança e eficácia de novas intervenções.

Além desses dados, 12% dos estudos abordam outros canabinóides além do CBD, como o THC e o CBN.

Autorizações de pesquisas no Brasil

O Brasil vem apresentando um aumento no número de concessões de Autorizações Especiais Simplificadas para Estabelecimentos de Ensino e Pesquisa (AEP) pela Anvisa. Esse cenário é reflexo do que encontramos em outros países e essas pesquisas recentes auxiliam na comprovação dos benefícios terapêuticos da planta, colaborando no desenvolvimento de novos produtos.

No Anuário da Cannabis Medicinal, a Kaya apresentou dados mostrando as autorizações desde 2015 até julho de 2024. Dentre os anos de 2022 até 2024, houve um crescimento no número de autorizações, sejam elas iniciais ou renovações.

O número de instituições de ensino que possuem autorização para conduzir estudos com cannabis já sobe para 40, destacando-se as regiões Sudeste e Sul. Dentre elas, os estados que mais se destacam são:

  • São Paulo;
  • Minas Gerais;
  • Rio Grande do Sul;
  • Paraná;
  • Rio de Janeiro.

Dessas 40 instituições espalhadas pelo Brasil que realizaram diversos projetos, foram concedidas 89 autorizações pela Anvisa desde 2015. Dessas, são referentes a 72 projetos. Se considerar apenas a quantidade de projetos, temos a UNICAMP como a principal, com 7 projetos, seguida da UNESP, com 5.

A pesquisa se expandiu para áreas como a farmacologia, a medicina, a neurociência e a psicologia, buscando entender como a cannabis pode tratar uma variedade de condições médicas.

O aumento também pode ser observado na indústria, com estudos voltados para a produção de biocombustíveis, fibras têxteis e outros produtos industriais derivados da planta. O potencial econômico da cannabis tem atraído o interesse de vários setores, e isso reflete diretamente no crescimento das investigações científicas em áreas como a agronomia e a engenharia.

Essa expansão não apenas está ajudando a desmistificar a planta, mas também criando novas oportunidades para o tratamento de doenças, para a inovação industrial e para a regulamentação eficaz do setor. O contínuo aumento dos investimentos e da colaboração internacional promete trazer ainda mais avanços e descobertas significativas nos próximos anos.

Foto: Canva Pro

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