Estudo mostrou o potencial do canabidiol (CBD) como alternativa terapêutica no combate a infecções bacterianas
Uma pesquisa conduzida pelo Laboratório de Ensaios Antimicrobianos da Universidade Federal de Uberlândia (Lea/UFU) revelou que o canabidiol (CBD), composto bioativo extraído da Cannabis sativa, possui atividade antibacteriana eficaz contra microrganismos responsáveis pela periodontite. A doença, caracterizada por uma inflamação crônica que compromete os tecidos de suporte dos dentes, pode levar à perda dentária se não tratada adequadamente.
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O estudo, iniciado em 2021 como um projeto de Iniciação Científica, foi liderado por Anna Lívia Oliveira Santos, então graduanda em Biomedicina e atualmente mestranda em Imunologia e Parasitologia Aplicadas pela UFU. Sob a orientação do professor Carlos Henrique Gomes Martins, do Instituto de Ciências Biomédicas, a pesquisa focou na avaliação da eficácia do CBD contra bactérias associadas à periodontite e na análise de sua segurança em organismos vivos, utilizando o verme Caenorhabditis elegans como modelo experimental.
“Na mesma época [que cursava a disciplina de Produtos Naturais], meu primo, que é microbiologista e desenvolvia pesquisas com microrganismos, me incentivou a entrar em contato com o professor Carlos Henrique, da microbiologia da UFU, para desenvolver um projeto sobre produtos naturais no combate às bactérias”, lembra Santos sobre o começo da pesquisa.
Os resultados, publicados em janeiro de 2025 no Journal of Applied Microbiology, indicam que o CBD apresenta um potencial promissor como alternativa terapêutica no combate a infecções bacterianas relacionadas à periodontite. A equipe de pesquisa, além de Santos e Martins, incluiu as doutorandas Mariana Brentini Santiago e Nagela Bernadelli Sousa Silva, e a aluna de Iniciação Científica Sara Lemes de Souza. O professor Joaquim Maurício Duarte Almeida, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), colaborou fornecendo o canabidiol utilizado nos experimentos.
“Esse estudo pode ter um grande impacto tanto para a comunidade acadêmica quanto para a sociedade em geral. Para a academia, ele abre portas para novas pesquisas sobre o uso de produtos naturais no combate a bactérias resistentes, um problema crescente na medicina. Para a sociedade, o estudo vai além do benefício direto de novas opções terapêuticas menos agressivas e com menos efeitos colaterais, oferecendo uma opção mais segura para quem sofre de infecções periodontais. Ele ajuda a quebrar o preconceito em torno da Cannabis, especialmente no Brasil, onde ainda existe muita resistência a essa planta”, finaliza Santos.
Com informações: Maria Eduarda Amorim, Portal Comunica UFU Universidade Federal de Uberlândia
Foto: Canva Pro