Por uma margem de quase 3 para 1, os adultos norte-americanos dizem que o consumo de álcool representa maiores riscos à saúde do que o uso de maconha, de acordo com dados de pesquisa nacional compilados pelo YouGov
Um novo levantamento conduzido pelo YouGov e divulgado pela NORML indica que a maioria dos adultos americanos considera o álcool uma substância mais prejudicial à saúde do que a maconha. A pesquisa, realizada com uma amostra representativa da população, revela uma mudança significativa na percepção pública sobre os riscos associados ao consumo de ambas as substâncias.
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Segundo os dados coletados, 52% dos entrevistados afirmaram que o álcool representa um risco maior para a saúde em comparação à maconha. Apenas 19% dos participantes consideram a cannabis mais prejudicial, enquanto outros 10% disseram que nenhuma é mais prejudicial do que a outra, e 13% disseram que não tinham certeza. Quase 20.000 adultos participaram da pesquisa.
A mudança de percepção acompanha uma tendência observada nos últimos anos, em que um número crescente de estados americanos tem adotado políticas de descriminalização e regulamentação do uso da cannabis para fins medicinais e recreativos. Atualmente, vários estados e o Distrito de Colúmbia já legalizaram o uso adulto da maconha, refletindo a aceitação cada vez maior da substância pela sociedade.
Impacto da regulamentação e da ciência
Especialistas apontam que a crescente aceitação da maconha pode estar ligada ao aumento da disseminação de informações científicas sobre seus efeitos e benefícios terapêuticos. Pesquisas indicam que, diferentemente do álcool, o consumo moderado de cannabis não está diretamente relacionado a doenças crônicas graves, como cirrose hepática e alguns tipos de câncer. Além disso, a maconha apresenta menor risco de overdose fatal e está menos associada a comportamentos violentos.
A NORML, organização que defende a reforma das políticas de cannabis nos Estados Unidos, destaca que essa mudança na percepção pública deve influenciar debates políticos e legislativos no país. “Os formuladores de políticas precisam considerar as evidências científicas e a opinião pública ao discutirem regulamentações sobre o uso da cannabis”, afirmou Paul Armentano, diretor adjunto da NORML.
Brasil ainda enfrenta desafios na regulamentação
Enquanto os Estados Unidos avançam na normalização da cannabis, o Brasil ainda enfrenta desafios na regulamentação da planta. O debate sobre seu uso medicinal e industrial tem crescido, especialmente diante da necessidade de ampliar o acesso a tratamentos alternativos e impulsionar a economia por meio do mercado de derivados da cannabis.
A pesquisa divulgada pela NORML reforça um ponto central nesse debate: a necessidade de basear políticas públicas em dados científicos e na experiência de outros países que já implementaram regulamentações mais flexíveis. A tendência observada nos Estados Unidos pode influenciar o discurso global sobre a cannabis e, eventualmente, impactar decisões políticas no Brasil.
Com o avanço das discussões sobre a regulamentação no Congresso Nacional, eventos como a ExpoCannabis Brasil desempenham um papel fundamental ao trazer conhecimento técnico e científico para o debate público. A normalização do uso da cannabis no país depende de um diálogo transparente, baseado em evidências e alinhado com a realidade de outras nações que já reconheceram seus potenciais benefícios.
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