O relatório “Cânhamo: a Commodity do Futuro” aponta desafios regulatórios e tecnológicos que o país enfrenta para se inserir nesse mercado global
O mercado global de cânhamo industrial foi avaliado entre US$ 5 e 7 bilhões em 2023, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 16% a 24,5% projetada para o período 2023-2033, segundo o recém-lançado relatório “Cânhamo: a Commodity do Futuro“, do Instituto Ficus.
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O documento, que explora as múltiplas utilidades do cânhamo desde a indústria têxtil até a construção civil, passando pela produção de alimentos e biocombustíveis, apresenta recomendações para políticas públicas e iniciativas privadas interessadas em ultrapassar as barreiras regulatórias e tecnológicas que impedem o florescimento deste nicho de mercado.
Potencial nacional
De acordo com o relatório, o Brasil possui condições climáticas e solos propícios para o cultivo de cânhamo em diferentes regiões. Há 28 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem ser recuperados para uso agrícola sem necessidade de desmatamento.
Além disso, o cultivar pode ser utilizado em rotação com soja, milho e trigo, grandes commodities produzidas em solo nacional, aumentando a produtividade dessas culturas em 10% a 20%. O cânhamo cultivado no Brasil também poderia capturar até 16 toneladas de CO₂ por hectare, contribuindo para o mercado de créditos de carbono.
Em relação ao comércio exterior, o país poderia aproveitar sua parceria comercial com a China, maior importadora de fibras de cânhamo, para se estabelecer como um fornecedor relevante no mercado global.
Obstáculos no caminho
O cultivo de qualquer variedade de cannabis (mesmo aquelas com níveis residuais de THC, como no caso do cânhamo) no Brasil é proibido pela Lei 11.343/2006, e a exceção para fins medicinais ou científicos ainda carece de regulamentação efetiva.
Além da óbvia barreira regulatória, o país ainda precisa de investimentos significativos em maquinário e tecnologia para o processamento eficiente do cânhamo, uma vez que o cultivo seja regulamentado.
Por outro lado, o cânhamo industrial sinaliza um futuro promissor para o Brasil, que poderia se posicionar como líder na produção sustentável de cânhamo na América Latina e no mundo. Para isso, além de recomendar a regulamentação da cadeia produtiva no país, o relatório sugere a formação de parcerias entre agricultores, cooperativas, universidades e o setor privado, além da criação de linhas de crédito específicas para o setor.
Foto de capa: jcomp | Freepik.
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