Relatório aponta que o montante gasto pelos Estados Unidos com a guerra às drogas internacionalmente é maior do que o investimento em educação, abastecimento de água, saneamento básico e direitos das mulheres em países de baixa e média renda
Quase US$ 13 bilhões do dinheiro dos contribuintes dos EUA foram alocados para atividades de “combate ao narcotráfico” internacionalmente desde 2015, segundo um relatório divulgado pela organização Harm Reduction International. Esse valor é mais do que o governo dos EUA gastou em educação primária ou abastecimento de água e saneamento em países de baixa e média renda ao redor do mundo no mesmo período.
O documento intitulado A World of Harm mostra como a priorização das medidas punitivas sobre as respostas baseadas na saúde se traduziu em um aumento das violações dos direitos humanos, incluindo os programas de reabilitação forçosa e a criminalização.
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Os efeitos danosos das ações internacionais estadunidenses incluem consequências na saúde dos colombianos, através de atividades de destruição de plantações financiadas pelos EUA, incluindo fumigação aérea com produtos químicos tóxicos; repressão no México, onde a guerra contra as drogas apoiada pelos EUA está cada vez mais militarizada; e abusos de direitos humanos e aumento das taxas de HIV nas Filipinas, onde milhões de dólares da USAID apoiaram a ‘reabilitação forçada’ de pessoas que usam drogas em meio a um esforço para expandir “comunidades livres de drogas”.
O apoio dos EUA para a repressão às drogas internacionalmente inclui assistência financeira, material e técnica e envolve várias agências do governo, incluindo o Departamento de Defesa (DOD), Agência Central de Inteligência (CIA), Agência de Segurança Nacional (NSA), Departamento de Estado, Departamento de Segurança Interna, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Departamento Federal de Investigação (FBI), bem como a infame Drug Enforcement Administration (DEA), sob o Departamento de Justiça (DOJ). Em 2023, a DEA tinha 93 escritórios estrangeiros em 69 países.
O relatório recomenda que o país “pare de usar o dinheiro dos contribuintes para apoiar respostas punitivas às drogas em todo o mundo, incluindo o uso de ajuda externa dos EUA, supostamente para acabar com a pobreza e atingir as metas de desenvolvimento global, para atividades de ‘controle de narcóticos'”.
Foto de capa: Vladimir Solomianyi | Unsplash.
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