Uso vaporizado de maconha com alto teor de THC melhora a qualidade de vida, diz estudo

Foto mostra uma porção de buds de maconha secos, em tons de verde e laranja, sobre uma superfície branca, e um vidro redondo, ao fundo. Imagem: Brokkelen.nl / Pexels.

A inalação de flores de cannabis com predominância de THC melhora significativamente a qualidade de vida e os sintomas de dor crônica e ansiedade, segundo um novo estudo com pacientes britânicos

Uma revisão do projeto Twenty21 (T21), o primeiro registro multicêntrico, prospectivo e observacional de pacientes de cannabis no Reino Unido, revela que a vaporização de flores secas de maconha com um teor de 20% de tetraidrocanabinol (THC) e menos de 1% de canabidiol (CBD) foi associada a um aumento acentuado na qualidade de vida relacionada à saúde.

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As medidas de resultados relatados pelo paciente coletadas pelo projeto mostram ainda que o uso vaporizado das flores de cannabis altas em THC também demonstrou melhorar o humor geral e o sono dos pacientes, bem como a gravidade e interferência da dor e os sintomas de ansiedade. Os resultados foram publicados na Biomedicines.

A equipe analisou dados clínicos de 344 pacientes cadastrados no T21, coletados prospectivamente entre agosto de 2020 e junho de 2022, para investigar os resultados associados à vaporização de maconha com alto teor de THC em um ambiente legal e medicamente supervisionado.

Um formulário que inclui uma ampla variedade de produtos à base de cannabis para uso medicinal em humanos, incluindo extratos orais e flores de diferentes proporções de CBD e THC, é usado pelos médicos prescritores parceiros do T21.

Até o momento, no entanto, as flores predominantes em THC, produzidas pela Khiron Life Sciences, continuam sendo o produto mais prescrito no projeto.

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Para reduzir a variabilidade inerente associada à composição química das flores de maconha, os pesquisadores decidiram incluir em sua revisão apenas pacientes que receberam em sua consulta inicial uma prescrição da flor de THC da Khiron — especificamente a variedade Hindu Kush.

A cannabis prescrita aos participantes do T21 foi produzida em total conformidade com os requisitos de boas práticas de fabricação (GMP) e com os padrões estabelecidos na monografia alemã para flores de maconha.

Atualmente, existem dois vaporizadores que obtiveram a certificação da União Europeia de dispositivos médicos para a inalação de flores de cannabis, ambos fabricados pela empresa alemã Storz & Bickel: o Volcano Medic, um modelo de mesa, e o vape portátil Mighty Medic.

Os pesquisadores relataram que, embora a maioria das pesquisas clínicas sobre vaporização de maconha tenha sido realizada usando o dispositivo Volcano, “a maioria dos participantes do T21 normalmente prefere um dispositivo portátil, como o Mighty Medic, tanto por conveniência quanto por razões econômicas”.

“Devido ao início mais rápido do efeito, a inalação permite que o paciente experiente titule facilmente a dosagem para maximizar o benefício terapêutico e minimizar os efeitos colaterais tipicamente relacionados à psicoatividade relacionada ao THC, controlando o número, a duração e a frequência das inalações”, destaca o estudo.

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Os participantes eram em sua maioria do sexo masculino (77,6%), com idade média de 38,4 anos, e foram diagnosticados principalmente com uma condição dolorosa crônica (50,8%) e transtornos relacionados à ansiedade (25,3%).

Conforme exigido pela lei britânica, todos os pacientes experimentaram pelo menos duas opções terapêuticas padrão para tratar sua condição antes de iniciarem o tratamento com maconha.

A grande maioria dos pacientes (95,6%) já havia utilizado maconha adquirida de forma ilícita, e 3 em cada 4 daqueles que consomem cannabis o fizeram com a intenção de tratar sua condição primária diagnosticada — a maioria dos participantes (58,7%) optou por administrar as flores uma vez ao dia.

O uso vaporizado de flores com predominância de THC foi considerado seguro em geral. Apenas dois participantes diagnosticados com dor crônica relataram efeitos colaterais adversos menores associados ao tratamento — um homem de 42 anos com experiência anterior com cannabis que se medicou várias vezes ao dia relatou sofrer uma “dor de cabeça leve” que cedeu após 1–2 horas, enquanto uma mulher de 32 anos sem experiência com a planta relatou sofrer “perda de memória” transitória e “não relevante”.

“Nossos resultados indicam que a inalação controlada de flores de cannabis de grau farmacêutico, com predominância de THC, está associada a uma melhora significativa nos escores de dor, humor, ansiedade, distúrbios do sono e qualidade de vida relacionada à saúde em geral relatados pelo paciente em uma população clínica resistente ao tratamento”, concluíram os pesquisadores.

Um estudo separado, publicado no mês passado, descobriu que o uso de flores e preparações orais de maconha também está associado a melhorias na qualidade de vida e sintomas em adultos diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA).

Os pacientes, inscritos no Registro Médico de Cannabis do Reino Unido, apresentaram melhora na qualidade de vida geral, sono e ansiedade após o início da terapia com maconha. Também houve uma redução de 33,3% e 25% na prescrição concomitante de benzodiazepínicos e neurolépticos, respectivamente.

Um ensaio clínico conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia revelou que a cannabis vaporizada parece ser um tratamento seguro e potencialmente eficaz para a dor crônica que afeta as pessoas com doença falciforme.

No início do ano, pesquisadores da Universidade de Basel (Suíça) divulgaram um estudo mostrando que a vaporização de CBD pode melhorar a memória episódica verbal — a capacidade de se lembrar de informações compostas por palavras.

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#PraTodosVerem: foto mostra uma porção de buds de cannabis secos, em tons de verde e laranja, sobre uma superfície branca, e um vidro redondo, ao fundo. Imagem: Brokkelen.nl / Pexels.

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