Produção de cocaína bate recorde durante pandemia, diz relatório da ONU

Estudo mostra que as apreensões da substância diminuíram no Brasil, enquanto sua distribuição aumentou
A produção global de cocaína alcançou níveis recordes de 1.982 toneladas em 2020, um crescimento de 11% em relação a 2019, de acordo com um novo relatório publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
O Brasil está na rota do tráfico da droga da América do Sul para Europa e África, de acordo com o documento, que também levanta a possibilidade de a pandemia de Covid-19 ter influenciado a produção global.
De acordo com o “Cocaine Insights”, o fechamento das fronteiras para conter a pandemia impactou negativamente a redistribuição e gerenciamento de estoques de cocaína dentro do Brasil.
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A publicação mostra mudanças no tráfico de drogas e nos padrões do crime organizado por meio de novos contextos da pandemia em relação à cadeia regional e transatlântica de produção e distribuição de cocaína.
Também mostra que a pandemia afetou as atividades das forças de segurança, comprometeu as atividades de grupos do crime organizado, impactou os fluxos de cocaína e cannabis e induziu mudanças nas modalidades de tráfico.
Enquanto as apreensões de cocaína diminuíram em território brasileiro, desde o segundo semestre de 2020, a disponibilidade de cannabis aumentou no país, impulsionada pelos fluxos do Paraguai.
As apreensões internas de maconha cresceram 107% entre 2020 e 2021, com quase 600 toneladas da planta apreendidas, em comparação com o período 2019/2020. Enquanto a apreensão de cocaína diminuiu 37% no mesmo intervalo.
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O relatório também detalha o alargamento da entrega de maconha pelo país inteiro, enquanto o impacto sobre a cocaína variava pelos estados, apesar da queda geral nas quantidades apreendidas.
A análise sobre apreensão de carregamentos de cocaína indicam que desde o início da pandemia os estados do oeste do Brasil viram uma tendência de aumento da substância — enquanto os estados do leste registram uma onda de queda.
Os bloqueios para o transporte entre as fronteiras levaram a uma alta de voos clandestinos e com isso ao aumento de fluxos nos estados do oeste, que fazem fronteiras com outros países sul-americanos, segundo o relatório.
A queda nas apreensões de cocaína nos portos marítimos do Brasil ocorreu em paralelo com as reduções da cocaína apreendida em países de destino, como as nações do oeste e do centro da Europa.
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No entanto, o cessamento dos fluxos da substância do Brasil parece ter sido temporário. O estudo do Unodc apresenta um quadro da pandemia acelerando tendências existentes no tráfico de cocaína.
Os aumentos nas apreensões em rodovias federais foram quase onipresentes em todas as unidades federativas do Brasil, nos 12 meses após o início da Covid-19: 25 das 27 unidades federativas registraram aumento nas apreensões de maconha (em comparação com os 12 meses anteriores), e um padrão semelhante se aplica à cocaína (22 de 27). Apesar disso, vários estados registraram quedas na quantidade total de cannabis (9 em 27) e cocaína (17 em 27) apreendidas.
A série “Cocaine Insights”, desenvolvida pelo Unodc em cooperação com parceiros e partes interessadas em nível nacional, regional e internacional, fornece os mais recentes conhecimentos e tendências sobre questões relacionadas aos mercados da cocaína. Esta edição é resultado de uma colaboração entre o Unodc e o Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE).
Clique aqui para acessar o relatório na íntegra.
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#PraTodosVerem: foto mostra um saquinho ziplock contendo pó branco, que também aparece fora do plástico, sobre uma superfície preta lisa. Imagem: Jernej Furman.

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