Plataforma de investimento em cannabis entra em colapso, lesando milhares de investidores

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Investidores em todo o mundo podem ser vítimas de um golpe envolvendo cultivo de maconha

Milhares de investidores viram seu dinheiro desaparecer depois que uma plataforma de investimento em cannabis que operava em todo o mundo prometendo altos retornos parou de operar.

A JuicyFields, que oferecia um serviço chamado “e-growing”, onde os investidores podiam participar do cultivo, colheita e venda de maconha, congelou saques em dinheiro, removeu seus perfis das redes sociais e os responsáveis desapareceram.

O esquema funcionava da seguinte forma: a plataforma conectava investidores com pequenos agricultores de cannabis para financiar o cultivo de plantas que então eram colhidas e vendidas legalmente. Em um prazo de aproximadamente 100 dias, o dinheiro investido era devolvido com juros de 33% a 66%.

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De acordo com o elDiario.es, a empresa operava há anos e gerava lucros para seus investidores, apesar de diferentes especialistas alertarem que poderia ser um esquema de pirâmide.

Os investidores foram autorizados a depositar até 180.000 euros por meio de transferência bancária ou investimento em criptomoedas na plataforma sem passar pelas verificações de antecedentes normalmente exigidas.

Nas últimas semanas vários meios de comunicação europeus relataram um suposto golpe envolvendo a JuicyFields, a empresa supostamente enganou seus investidores por centenas de milhões de dólares.

Um comunicado foi enviado no dia 11 deste mês aos investidores informando que parte dos trabalhadores estava em greve. Em seguida, os saques em dinheiro foram congelados e eles garantiram que a suspensão duraria apenas 48 horas. Dois dias depois, todas as redes sociais da JuicyFields foram removidas, assim como os grupos do Telegram — moderados por funcionários da empresa — onde estavam todos os investidores. O CEO Willem van der Merwe renunciou no dia seguinte após menos de dois meses no cargo.

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Algumas horas depois chegou o alarme final: os investidores não podiam mais acessar sua conta pessoal na web, onde podiam acompanhar os saldos de suas contas e o status de suas plantas.

Nos últimos 18 meses, a empresa se estabeleceu em toda a Europa, investindo dinheiro de patrocínio em diversos eventos, com escritórios estabelecidos nos Países Baixos e na Alemanha.

As estimativas sobre as dimensões da fraude na JuicyFields variam de dezenas de milhões a bilhões. De acordo com relatos da mídia, um escritório de advocacia espanhol que representa pequenos investidores afirma que mais de € 9 bilhões passaram pelas “carteiras” digitais — as contas criptográficas da Juicyfields.

Os grupos de usuários afetados pelo suposto golpe começaram a circular um documento supostamente vazado obtido pelas subsidiárias da empresa na Suíça e nos Países Baixos que mostrava os nomes daqueles que se acredita serem os verdadeiros donos da JuicyFields, de acordo com a Forbes.

Para verificar a veracidade do documento, o El País Financiero entrou em contato com Alan Glanse, ex-CEO da JuicyFields.

Glanse alegou não ter responsabilidade pelo suposto golpe e confirmou que os nomes relatados no documento são os verdadeiros donos da empresa.

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De acordo com o documento supostamente vazado, Paul Bergolts, um indivíduo com passaporte russo, era o acionista majoritário de parte ou da totalidade da JuicyFields, com 51% das ações.

Robert Laibach, outro indivíduo com passaporte russo, detinha os 49% restantes. No entanto, no documento, Laibach é relatado como acionista indicado, pois as ações pertenciam a Alex Vaimer e Vasily Kandinski.

A mídia alemã DW também informou que uma empresa financeira sediada em Berlim com laços com uma família aristocrática parece estar envolvida no suposto golpe. A JuicyFields apresentou esta empresa como parceira e compartilhou o mesmo endereço do escritório por um tempo.

De fato, a JuicyFields abriu um escritório em Berlim em 2020. No entanto, mudou sua sede para os Países Baixos e depois para a Suíça.

A empresa tinha uma conta bancária no Chipre, como confirmado por Zvevda Lauric, diretora de comunicações da JuicyFields, em uma entrevista em maio deste ano.

Os usuários afetados pelo suposto golpe decidiram processar a JuicyFields e atualmente estão trabalhando com advogados para formalizar o processo.

Um porta-voz de um grupo afetado disse ao El País Financiero que está verificando o que pode ser feito e já está organizando tudo com os especialistas jurídicos para iniciar uma ação coletiva.

Na Espanha, um grupo de 200 usuários da JuicyFields apresentou a primeira ação coletiva contra a empresa. O grupo pretende acusar a empresa de “suposto crime continuado de fraude agravada, apropriação indébita, organização criminosa, intrusão e publicidade enganosa”.

Usuários entrevistados por vários meios de comunicação na Europa compartilharam suas histórias. Alguns investiram apenas algumas centenas de euros na JuicyFields, enquanto outros acreditaram tanto no projeto de que investiram até € 150.000 (R$ 828 mil).

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#PraTodosVerem: imagem de capa mostra fotografia em P&B do CEO da Juicy Fields, Alan Glanse, sentado e, em fundo verde, logo da marca. Crédito: El Diario.

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