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Foto mostra um grande cultivo indoor de maconha na Espanha. Imagem: Endesa.

Plantações ilícitas de maconha na Espanha estão sobrecarregando a rede elétrica com conexões ilegais

Companhia espanhola de energia estima que o volume total de eletricidade consumido pelos cultivos clandestinos de cannabis no primeiro semestre do ano seja de 22 bilhões de kWh

Na Espanha, o cultivo de cannabis só é permitido para fins de exportação para uso medicinal ou em pesquisas científicas. O uso da planta no país ainda é proibido para qualquer fim, mas isso nunca impediu a realização de grandes plantações para abastecer um dos principais mercados ilícitos de maconha da União Europeia. Um dos vestígios desses cultivos pode ser visto no número cada vez maior de conexões ilegais de eletricidade.

Conforme informou a companhia espanhola de energia Endesa, sua subsidiária e-distribución desligou um total de 1.260 conexões da rede elétrica que alimentavam plantações ilegais de maconha durante o primeiro semestre de 2024. O número representa um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Um problema crescente que ameaça a segurança física dos moradores e a qualidade do abastecimento em áreas com alta concentração de fraudes”, afirmou a empresa em um relatório publicado na terça-feira.

A Endesa alerta que numerosos casos de incêndios e eletrocussões ligados à manipulação de instalações elétricas têm ocorrido nos últimos anos. No mês passado, por exemplo, cinco centros de transformação foram incendiados na comunidade autônoma da Andaluzia (três em Sevilha, um em Almería e um em Granada) por não suportarem a sobrecarga da rede derivada de ligações clandestinas, especialmente devido às plantações ilegais de maconha.

O consumo de energia pelas plantações de cannabis detectadas entre janeiro e junho deste ano foi estimado em 141 milhões de kWh, o equivalente ao consumo de cerca de 40.300 habitações e a 35% de toda a energia fraudada contabilizada pela Endesa. No entanto, esse é apenas o consumo dos cultivos que foram detectados pela empresa, que estima que o total das plantações ilegais de maconha existentes em Espanha consuma cerca de 2,2 TWh de eletricidade.

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Segundo a Endesa, as instalações para o cultivo de cannabis dentro de edifícios cresceram significativamente nos últimos anos, com dados das forças de segurança indicando que esses cultivos têm rendimentos mais elevados do que os realizados ao ar livre: quatro a seis colheitas por ano. A empresa ressalta que os sistemas de iluminação e ventilação utilizados para acelerar o crescimento das plantas funcionam 24 horas por dia através de ligações ilegais.

A sobrecarga decorrente dessas conexões clandestinas ainda estaria provocando interrupções no fornecimento de energia e incêndios nos edifícios e casas onde estão localizadas as plantações e nas linhas subterrâneas, “causando sérios riscos tanto para as pessoas que manipulam as instalações quanto para os vizinhos do entorno, que também sofrem problemas no seu fornecimento elétrico”.

“Em alguns pontos da rede gerida pela e-distribución, a potência foi aumentada para tentar evitar interrupções no fornecimento aos vizinhos, mas, embora a potência instalada multiplique até doze vezes o que seria necessário em função do número de habitantes, as incidências continuam, o que mostra um grande volume de conexões à rede”, explica a companhia.

As conexões ilegais ligadas às plantações de maconha, segundo a empresa, representam 74% da energia fraudada detectada por sua subsidiária. Nos primeiros seis meses deste ano, também foram detectados 32.336 casos de fraudes elétricas, 40% a mais do que no mesmo período de 2023. A Endesa estima que o volume de energia recuperada nestas fraudes representa 397 milhões de kWh, o equivalente ao consumo de 113 mil residências.

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Mais uma consequência da proibição, os riscos e ameaças decorrentes das ligações ilegais de energia em cultivos de maconha poderiam ser mitigados em boa parte com a legalização. Como acontece com as plantações legais de cannabis, que são alimentadas por fornecimento seguro de eletricidade e colocaram a Espanha entre os sete países do mundo que mais produzem maconha legalmente.

De acordo com o Público, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (AEMPS) notificou a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) de uma previsão de produção de 36 toneladas de cannabis para fins medicinais em 2024, um aumento de 53% em relação ao ano de 2023.

A produção legal de maconha na Espanha, no entanto, deve ser destinada à exportação, uma vez que a sua utilização ainda não foi regulamentada no país — o único entre os maiores produtores de cannabis para fins medicinais que não possui um quadro regulamentar para utilização da planta. Atualmente, 25 entidades públicas e privadas possuem autorização de cultivo.

O Ministério da Saúde espanhol informou no início do ano que havia iniciado o processo de elaboração de um decreto para aprovar a regulamentação da maconha para uso medicinal. O texto, que foi submetido a uma consulta pública para receber contribuições da sociedade, estabelece as condições de produção e distribuição de preparações magistrais à base de cannabis.

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Imagem em destaque: Endesa.

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Joel Rodrigues

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