Cannabis e sonho: por que sonhamos menos com o uso contínuo?

Ilustração mostra uma mulher negra de cabelo cor-de-rosa e pijama amarelo dormindo sob as nuvens, com algumas folhas de cannabis em volta. Arte: Papelito.

Usuários assíduos já devem ter percebido que a erva afeta nosso sonho: enquanto alguns relatam ter sonhos mais vívidos, a maioria nem lembra a última vez que sonhou

Quando o assunto é a hora de dormir, a cannabis enquanto aliada do sono é quase uma unanimidade — tanto que seu uso terapêutico no combate à insônia tem se mostrado promissor. Agora, quanto ao sonho, nem sempre nossas experiências pessoais dão conta de justificar o que a ciência diz: o THC pode encurtar ou inibir o sono REM, que é quando sonhamos.

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Para a gente começar a falar sobre sonhos, precisamos entender como eles acontecem. A maior parte dos nossos sonhos acontecem na fase REM, sigla para “rapid eye movement”, ou seja, o sono com movimento rápido dos olhos, que é o momento de maior atividade cerebral enquanto dormimos. É nessa etapa, que pode durar duas horas por noite, que liberamos a dopamina, conhecida como um dos hormônios da felicidade, ela ajuda o nosso corpo a sentir prazer, satisfação e aumenta nossa motivação. 

O THC, um dos principais componentes psicoativos da cannabis, demonstrou suprimir o sono REM, embora seja importante observar que esses achados não foram replicados de forma consistente. Outro estudo, de 2019, descobriu que os consumidores de cannabis demonstraram menos sono REM geral do que os não consumidores.

Por que sonhar é tão importante?

Os sonhos ajudam a fixar nossa memória, aprendizado e diversas atividades mentais. Sonhar também nos ajuda inclusive a lidar com questões traumáticas, pois estimula a nossa criatividade e capacidade de solucionar problemas. 

“Para a maioria das pessoas, a supressão do REM provavelmente não é boa. No entanto, também não é a insônia”, afirma o Dr. Jordan Tishler, presidente e CEO da Association of Cannabis Specialists e um Instrutor de Medicina na Escola de Medicina de Harvard. “Acontece que essa relação é muito dependente da dose. Pequenas doses de cannabis levam a um sono de qualidade sem supressão aparente do REM, ou pouco, enquanto doses mais altas são mais claramente problemáticas”, explica.

Encontrar um equilíbrio entre frequência e dose do uso de cannabis pode ser um caminho interessante para garantir o melhor de dois mundos: do sono e do sonho.

O que fazer para voltar a sonhar?

Pra voltar a sonhar mais, talvez você tenha que tirar umas férias da verdinha. Não precisa ser nada muito longo, duas semanas provavelmente já vão te fazer sonhar mais – além de proporcionar uma brisa mais intensa no retorno.

Mas, vale um alerta: consumidores pesados ​​de cannabis terão habitualmente sonhos loucos se fizerem essa pausa. É o que os cientistas chamam de efeito rebote, em que surgem sonhos vívidos e incomuns, às vezes pesadelos, quando se restabelece a fase de sono REM. O uso pesado de cannabis não é recomendado, por esse e muitos outros motivos”, avisa Tishler.

A gente acha importante lembrar que, caso você tenha indicação médica para o uso da cannabis, é bom conversar e ponderar com seu médico sobre como o uso impacta na qualidade do seu sono, sobretudo da fase REM. 

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