O mercado de cannabis medicinal no Brasil vem crescendo em ritmo acelerado, refletindo tanto os avanços regulatórios quanto o aumento da aceitação social da planta como alternativa terapêutica
Em 2024, o setor movimentou R$ 853 milhões, atendendo mais de 672 mil pacientes espalhados por mais de 80% dos municípios brasileiros. Esses números são impressionantes, mas por trás deles está uma história de desafios, inovação e potencial inexplorado.
Regulamentação: base para o crescimento, mas ainda limitada
A regulação brasileira para a cannabis medicinal, liderada pela ANVISA, tem sido um ponto de apoio fundamental para o desenvolvimento do setor. A RDC 327/2019, que regulamenta a comercialização de produtos de cannabis para fins medicinais, e a RDC 660/2022, que simplifica a importação desses produtos, foram marcos importantes para pacientes e empresas.
No entanto, o mercado enfrenta entraves significativos, como a proibição do cultivo nacional, que encarece os tratamentos e limita a competitividade das empresas locais, porém o STJ talvez nos traga boas notícias nesse sentido.
Enquanto países como Colômbia e Uruguai se destacam como líderes regionais na produção de cannabis, o Brasil continua dependente de importações, restringindo o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local. Hoje, mais de 413 empresas estrangeiras exportam produtos para o Brasil, o que amplia a diversidade de opções, mas também eleva os custos para os pacientes.
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Benefícios terapêuticos e a crescente demanda médica
A cannabis medicinal tem demonstrado eficácia no tratamento de diversas condições, como epilepsia, dor crônica, distúrbios do sono, ansiedade e doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer. O canabidiol (CBD), em particular, é amplamente utilizado por sua segurança e ausência de efeitos psicoativos. Entretanto, o tetrahidrocanabinol (THC), apesar de sua eficácia comprovada em algumas condições, ainda enfrenta resistência devido à associação com o uso recreativo da planta.
Com mais de 2.180 produtos disponíveis no mercado brasileiro, a cannabis medicinal tem ganhado espaço na prescrição médica. Apesar disso, muitos médicos ainda carecem de capacitação adequada para recomendar tratamentos baseados na planta. A educação médica é, portanto, um dos pilares para sustentar o crescimento do setor.
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Um mercado em expansão, mas ainda cheio de desafios
Com um crescimento de 22% em 2024, o mercado de cannabis medicinal brasileiro caminha para superar a marca de R$ 1 bilhão em 2025. Esse avanço, porém, está longe de ser linear. A dependência de importações, os custos elevados e a falta de regulamentação para o cultivo nacional criam barreiras para empresas e pacientes.
Além disso, a ausência de políticas públicas voltadas à pesquisa científica local limita a produção de dados que poderiam reforçar a confiança de médicos e pacientes. Projetos de lei que buscam regulamentar o cultivo e o uso industrial da cannabis permanecem travados no Congresso, deixando o setor à mercê de incertezas jurídicas.
Perspectivas para o futuro
Apesar dos desafios, o Brasil tem potencial para se tornar um dos principais mercados globais de cannabis medicinal. A regulamentação da cadeia produtiva completa, incluindo um cultivo amplo e de baixo custo, seria um passo crucial para reduzir custos, fomentar a inovação e aumentar o acesso dos pacientes. Além disso, a capacitação de profissionais de saúde e o investimento em pesquisa científica são fundamentais para consolidar a cannabis como uma ferramenta terapêutica confiável.
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Imagem de capa: jcomp | freepik.
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