Mais mulheres relatam o uso de maconha para aliviar sintomas da menopausa

O uso fumado e comestíveis foram os modos de consumo mais comuns entre as participantes de uma nova pesquisa
Muitas mulheres estão usando cannabis como tratamento adjuvante para os sintomas relacionados à menopausa, de acordo com um novo estudo publicado na revista Menopause.
O estudo, conduzido por pesquisadoras de Massachusetts (EUA), avaliou os padrões de uso de maconha em mulheres na perimenopausa e na pós-menopausa.
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A perimenopausa é definida como o período de tempo em que os ovários de uma mulher param de funcionar gradualmente e pode incluir sintomas como fluxo menstrual irregular, dores musculares, ondas de calor, ansiedade e suores noturnos. Pós- menopausa é o período após a menopausa, confirmado pela ausência de menstruação por 12 meses consecutivos e caracterizado por sintomas como irritabilidade, insônia e declínio cognitivo, decorrente da queda nos níveis de estrogênio.
Atualmente várias opções de tratamento, particularmente a terapia hormonal, têm mostrado eficácia no controle desses sintomas, contudo, nem todas as mulheres podem ou desejam usar essas opções — o que implica em uma busca contínua por tratamentos não hormonais.
Para entender melhor o uso de cannabis entre as mulheres que estão nestas etapas da vida, as pesquisadoras avaliaram 131 indivíduos na perimenopausa e 127 na pós-menopausa. Elas descobriram que mulheres na perimenopausa relataram maior incidência de diagnóstico de depressão e ansiedade e eram mais propensas a usar maconha para tratar sintomas de humor relacionados à menopausa do que as participantes na pós-menopausa.
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A maioria das participantes (86% da coorte total) relatou o uso atual de cannabis como tratamento adjuvante para sintomas relacionados à menopausa, sendo os mais comuns distúrbios do sono e ansiedade — 78,7% das mulheres que participaram do estudo também endossaram o uso da planta para aliviar os sintomas.
Os modos de uso de maconha mais comuns relatados na pesquisa foram o uso fumado (84,3%) e através de comestíveis (78,3%).
“Este estudo sugere que o uso de cannabis medicinal pode ser comum em mulheres de meia-idade com sintomas relacionados à menopausa”, disse Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Norte-Americana de Menopausa. “Dada a falta de dados de ensaios clínicos sobre a eficácia e segurança da cannabis medicinal para o manejo dos sintomas da menopausa, são necessárias mais pesquisas antes que esse tratamento possa ser recomendado na prática clínica.”
O consumo fumado de cannabis foi o modo de uso mais popular relatado por todas as participantes do estudo, o que as pesquisadoras apontam como um potencial problema de saúde pública.
“Pesquisas sugerem que alterações hormonais e metabólicas durante a menopausa podem resultar em pior função respiratória, e que fumar cigarros de tabaco pode aumentar a magnitude desse comprometimento respiratório”, escreveram as autoras. “Embora haja evidências de que fumar cannabis pode ter efeitos diferenciais na função respiratória do que fumar tabaco, o impacto aditivo do uso fumado e das alterações relacionadas à menopausa na função respiratória não foi avaliado.”
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Elas também destacam a necessidade de pesquisas futuras continuarem a investigar o impacto da cannabis fumada e vaporizada na saúde respiratória e avaliar a associação entre o uso de maconha e a idade da menopausa natural.
“No geral, pesquisas futuras devem continuar a examinar o uso de cannabis medicinal para sintomas relacionados à menopausa, incluindo a avaliação de como perfis únicos de canabinoides, modos de uso e outras características de uso de cannabis afetam a segurança e a eficácia”, conclui o estudo.
Uma pesquisa recente com ratas realizada por pesquisadores brasileiros revelou que o uso do canabidiol (CBD), uma das substâncias encontradas na maconha, auxilia na reversão do prejuízo de memória associado à menopausa.
Outro estudo, da Universidade de Alberta (Canadá), divulgado em setembro passado, observou uma em cada três mulheres perto da transição da menopausa usando cannabis, a maioria para fins médicos coincidindo com o manejo dos sintomas.
Os pesquisadores canadenses analisaram as respostas de quase 1.500 mulheres, das quais 18% estavam na pré-menopausa, 33% estavam na perimenopausa, 35% estavam na pós-menopausa, e uma pequena porcentagem havia sido submetida a histerectomia e/ou ooforectomia bilateral. Das participantes, cerca de um terço (33%) relatou o uso de maconha nos últimos 30 dias e 65% indicaram sempre usar a planta.
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Imagem de capa: Kampus Production | Pexels.

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