Maconha pode fechar a lacuna de desigualdade do orgasmo entre mulheres e homens, diz estudo

O uso de maconha tende a ter uma influência positiva no funcionamento sexual percebido e na satisfação dos indivíduos, independentemente do sexo ou da idade, além de ajudar a diminuir as disparidades de gênero no prazer sexual, de acordo com um novo estudo que atualiza a literatura atual sobre cannabis e sexualidade
Uma pesquisa on-line foi realizada com 811 adultos que relataram uso anterior de maconha, sendo que a maioria dos participantes se identificou como mulher (65%) e quase um quarto como LGBTQIA+, e incluiu uma escala para medir o funcionamento sexual e a satisfação em relação ao uso de cannabis.
Os resultados, publicados na semana passada na Journal of Cannabis Research, revelam que mais de 70% dos participantes disseram que usar maconha proporcionou um aumentou do desejo e da intensidade do orgasmo, enquanto outros 62,5% disseram que a cannabis aumentava seu prazer enquanto se masturbavam.
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Mais da metade dos participantes do estudo relatou usar maconha diariamente para uso adulto e medicinal (58%) e usar intencionalmente antes de praticar sexo (60%).
Quase todos os participantes indicaram usar cannabis na forma de flor (96%), enquanto outras formas utilizadas incluíram comestíveis (59%), óleo (48%), wax (36%) e tópico (18%). A maioria dos participantes (88%) afirmou que a maconha aumenta ligeiramente ou aumenta significativamente o relaxamento durante o sexo.
Segundo os autores, os achados do estudo “sugerem que a cannabis pode potencialmente fechar a lacuna de desigualdade do orgasmo”.
Isso por que, enquanto descobertas anteriores afirmam que os homens são mais propensos ao orgasmo em comparação com as mulheres, os novos dados revelam que o uso de maconha permite que as mulheres tenham uma capacidade de orgasmo melhorada.
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“As mulheres podem ter maior probabilidade de atingir o orgasmo quando usam cannabis antes dos encontros sexuais, o que pode contribuir para a equidade na quantidade de prazer e satisfação sexual experimentada por mulheres e homens”, escreveram os pesquisadores. “Os terapeutas sexuais podem incorporar o uso de cannabis nos estados onde atualmente é legal.”
Os autores dizem que uma contribuição importante do estudo é a alta confiabilidade para uma escala expandida de funcionamento e satisfação sexual, que inclui desejo, excitação e orgasmo. “Essa escala abrangente vai além dos efeitos fisiológicos (por exemplo, obtenção de uma ereção) e incorpora o funcionamento e a satisfação sexual geral”, diz o artigo.
Muitos dos resultados foram consistentes com a literatura existente, ressaltaram os pesquisadores. “Tanto homens quanto mulheres perceberam aumento do desejo e intensidade do orgasmo ao usar cannabis”, por exemplo. “As mulheres relataram maior capacidade de ter mais de um orgasmo por encontro sexual”.
O estudo revela que as pontuações de satisfação sexual foram significativamente maiores quando os participantes usaram maconha intencionalmente antes do sexo.
“Esses resultados podem ser devido à mentalidade de que o uso de cannabis aumentará o prazer devido às noções afrodisíacas da cannabis, em vez de um verdadeiro efeito fisiológico”, diz o estudo. “No entanto, os efeitos relaxantes da cannabis podem contribuir para aumentar o desejo ou reduzir as inibições, o que pode contribuir para aumentar o funcionamento e a satisfação sexual.”
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As implicações médicas do estudo incluem o possível uso de maconha para tratar disfunções sexuais, especialmente em mulheres, apontam os autores.
“Mulheres com vaginismo (ou seja, relação sexual dolorosa) podem se beneficiar do relaxamento muscular e aumento do funcionamento sexual resultante do uso de cannabis, enquanto mulheres com diminuição do desejo também podem ver possíveis benefícios”, escreveram.
A equipe de pesquisadores que realizou o estudo é formada por Amanda Moser, Sharon M. Ballard e Jake Jensen, da Universidade da Carolina do Leste, e Paige Averett, da Universidade Estadual da Carolina do Norte.
Um estudo separado, realizado por pesquisadores da Universidade de Almería (Espanha), descobriu que a função sexual em jovens que usam maconha e álcool com mais frequência se mostrou melhor do que naqueles que não usam.
Em um artigo publicado em 2021 na Healthcare, os pesquisadores relatam que os usuários que usaram mais cannabis tiveram maiores escores de funcionamento sexual e excitação do que os usuários moderados.
Já uma pesquisa realizada no ano passado pela The Harris Poll viu 50% dos consumidores de maconha relatando que fazem sexo várias vezes por semana ou mais, em comparação com apenas 35% dos não usuários.
A pesquisa on-line também revelou que quase dois terços (65%) dos consumidores de cannabis sexualmente ativos concordam que a maconha melhora sua vida sexual, enquanto 67% afirmaram que ajuda a deixá-los com vontade de fazer sexo.
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Imagem em destaque: Pexels | Nataliya Vaitkevich.

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