Legalização da maconha está associada a taxas mais baixas de transtorno por uso de álcool
Segundo um estudo que avaliou a relação entre a legalização da cannabis para uso adulto e o funcionamento psicossocial
Os residentes de estados americanos onde a maconha para uso adulto é legal são menos propensos a apresentar sintomas de transtorno por uso de álcool, de acordo com um novo estudo publicado na revista Psychological Medicine.
Pesquisadores afiliados à Universidade do Colorado e à Universidade de Minnesota buscaram quantificar possíveis efeitos causais da legalização do uso adulto da cannabis no transtorno por uso de substâncias e funcionamento psicossocial.
A equipe observou uma coorte de 240 pares de gêmeos, onde um dos gêmeos residia em um estado que legalizou a maconha para uso adulto e o outro não.
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“O gêmeo que vive em um estado recreativo usou cannabis em média com mais frequência e teve menos sintomas de transtorno por uso de álcool do que seu cogêmeo vivendo em um estado não recreativo”, escreveram os autores.
A análise do projeto de controle cogêmeo ainda revelou que a legalização da maconha não foi associada a nenhum outro resultado adverso, incluindo transtorno por uso de cannabis.
“A legalização recreativa foi associada ao aumento do uso de cannabis e diminuição dos sintomas de transtorno por uso de álcool, mas não foi associada a outras más adaptações”, concluíram os pesquisadores, destacando que “as vulnerabilidades ao uso de cannabis não foram exacerbadas pelo ambiente de cannabis legalizada”.
Os achados são consistentes com um estudo anterior que demonstrou uma associação entre o consumo de maconha e reduções da ingestão de bebidas alcoólicas.
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Em um artigo publicado em 2021 na revista Addiction, outra equipe de pesquisadores do Colorado relatou que os participantes reduziram significativamente a ingestão de álcool e foram menos propensos a experienciar um episódio de consumo excessivo de álcool nos dias em que usaram cannabis.
Um relatório divulgado recentemente pelo banco de investimentos Cowen Inc. mostra que 60% dos usuários de maconha nos EUA reduziram o consumo de bebidas alcoólicas, e que a porcentagem de consumidores de cannabis de 18 a 25 anos que também bebem álcool caiu de 90% para 79%, entre 2002 e 2020.
Dito isso, vale destacar um estudo publicado na Biological Psychiatry que revelou que o álcool pode ter um impacto na espessura cortical em usuários mais jovens e a maconha não. “O uso indevido de álcool, mas não de cannabis, foi associado à espessura reduzida dos córtex pré-frontal e frontal medial, bem como nas áreas do lobo temporal, sulco intraparietal, ínsula, opérculo parietal, pré-cuneus e medial parietal”, escreveram os autores.
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Imagem de capa: Unsplash | Jeff W.
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