Indústria farmacêutica tradicional se aproxima da maconha

A maconha medicinal vem atraindo cada vez mais a atenção de altos executivos no Brasil e até mesmo gigantes tradicionais da indústria farmacêutica estão se aproximando. As informações são da Folha
Assunto mais badalado do mercado farmacêutico nos últimos meses, a maconha medicinal ainda é tratada com discrição pelas gigantes da indústria no Brasil. Mas, sem alarde, investidores tradicionais do ramo de medicamentos começam a olhar. No fim de 2018, membros de família acionista do Aché registraram na junta comercial de São Paulo uma empresa de cannabis. A informação, pouco conhecida no setor até agora, alerta concorrentes que chegaram aqui há mais tempo.
Adalmiro Dellape Baptista Netto e Rodrigo Dellape Batista, de uma das famílias fundadoras do Aché, são sócios da empresa Cannabis Brasil, que tem entre suas descrições comércio varejista de produtos homeopáticos, sem manipulação de fórmulas.
Procurado pela coluna para dar detalhes sobre a empresa, o Aché diz que não se posiciona a respeito de iniciativas de famílias acionistas. Afirma que estuda a possibilidade de entrar no novo mercado. “O projeto ainda é embrionário e não temos muito a dizer a respeito”, diz em nota.
Leia: Mercado da maconha medicinal no Brasil prevê quase R$ 5 bilhões por ano
No sentido inverso, jovens empresas de maconha no país buscam se posicionar ao lado da grande indústria. Quatro delas se associaram ao Sindusfarma, sindicato do setor que reúne gigantes como EMS e Eurofarma.
As novatas na entidade são Natuscience, Cansortium, VerdeMed e Canopy (Spectrum), segundo o Sindusfarma.
A maconha atrai, há anos, altos executivos, dentro e fora do setor de saúde. Marco Antonio Bologna, que foi presidente da Tam, atual Latam, era sócio da empresa de cannabis Entourage até julho.
Theo van der Loo, que foi presidente da Bayer no Brasil, fundou em julho a Natuscience. Quer fazer pesquisas clínicas com o extrato porque, segundo ele, o setor tem potencial mas carece de embasamento teórico no país para dar segurança a médicos, pacientes e à própria Anvisa.
No exterior, a maconha medicinal entrou oficialmente no radar da grande indústria. A suíça Novartis já tem acordo com a canadense Tilray, que produz remédios a partir da erva, para distribuir produtos onde o uso medicinal é legalizado.
A Anvisa adiou na terça-feira (15) uma votação sobre a proposta que libera o plantio de Cannabis no país para pesquisa e produção de medicamentos. Também pediu mais prazo para analisar as regras de registro.
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#PraCegoVer: fotografia (de capa) de uma inflorescência de maconha com pistilos marrons e brancos, na horizontal, vinda da esquerda; ao fundo, desfocado, pode-se ver outras plantas do cultivo. Foto: Brett Levin | Flickr.

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