Haxixe marroquino: o que é e quais seus tipos

Fotografia mostra a mão de uma pessoa com três bolotas de haxixe de superfície irregular e cor marrom-claro sobre sua palma, além de várias pulseiras de várias cores e formatos no pulso, e plantas de maconha, que preenchem quase todo o fundo, fora do foco. Imagem: Girls in Green.

O haxixe marroquino é uma das extrações canábicas mais comuns por aí, principalmente na Europa. Conheça mais sobre sua história com as Girls in Green

A Ásia Central e o Oriente Médio são duas das regiões com as mais extensas tradições quando o assunto é maconha e hash. No Marrocos, nem sempre foi assim: a planta não é nativa de lá, e estima-se que ela só tenha se tornado comum no país por conta de invasões árabes no território ou por viajantes que retornavam das primeiras peregrinações à Meca. No livro “Hashish!”, Robert Connell Clarke conta que a cannabis provavelmente chegou ao Marrocos pela primeira vez durante o século XIV. Mas então como o haxixe marroquino se tornou tão conhecido?

Hoje, quando centenas de toneladas de haxixe marroquino são produzidas anualmente, pode até parecer estranho imaginar um mundo sem ele. Mas a verdade é que quantidades comerciais só passaram a ser fabricadas no Marrocos a partir da década de 1960, mesmo que a maconha já seja plantada por lá desde meados de 1800. Loucura, né?

Para esclarecer essa história toda, a gente preparou um artigo recheado de informações. Aqui, nós vamos mergulhar nas tradições do haxixe marroquino, entender diferentes tipos da iguaria e como eles são feitos. Vem com a gente!

O que é haxixe marroquino?

Como você deve se lembrar, o haxixe é um concentrado canábico produzido através da extração de cabeças de tricoma (que concentram a maior parte de seus princípios ativos, como canabinoides e terpenos) do restante da matéria vegetal da planta. Ele pode ser feito através de processos mecânicos, sem o uso de solventes, ou químicos, com o uso de solventes. Por conta da pureza e da Redução de Danos, a gente prefere os primeiros!

Leia também: A maturação dos tricomas e a qualidade do haxixe

O haxixe marroquino, por sua vez, refere-se às extrações feitas no Marrocos. O país, embora tenha uma história bem mais jovem na produção quando comparamos a territórios próximos, foi considerado por muitos anos o maior produtor global de hash. A partir da década de 1980, praticamente todo o haxixe encontrado na Europa e até mesmo nos Estados Unidos vinha de lá.

Todo o norte do país se desenvolveu muito por conta da manufaturação e da exportação do haxixe. Depois de um boom nos anos 80 e 90, alavancado por europeus atraídos pela resina, as plantações de maconha chegaram a cobrir mais de 100 mil hectares. A exportação de haxixe para a Europa chegou a mais de 3 mil toneladas ao ano! Atualmente, de acordo com a ONU, Marrocos é o país mais citado pelos governos como fonte de “resina de cannabis” apreendida.

Mas os concentrados produzidos por lá ainda são extremamente valorizados, e muita gente só fuma se for marroquino! Se você quiser entender melhor a história do haxixe marroquino e o que rola por lá, vem ler nosso artigo sobre a Rota do Haxixe.

Como o haxixe é produzido no Marrocos?

haxixe marroquino

Lá no Marrocos, os processos são bem diferentes quando comparamos aos que estamos acostumadas por aqui — que é basicamente colher a maconha, secá-la ou congelá-la, e lavar para extrair o ice.

Essas diferenças já começam no próprio cultivo: muitas das plantas que crescem por lá apresentam um fenótipo mais baixinho e esguio, com um galho principal e alguns poucos nas laterais. Elas são cultivadas em regiões montanhosas, com muito sol e calor, e água escassa. Além disso, a maioria delas é cheia de sementes, e não é incomum encontrar hermafroditas no meio do caminho!

Nos métodos mais tradicionais, as plantas geralmente eram secas nos telhados das casas sob luz solar direta. Isso gera bastante degradação, tanto do THC (que se converte em CBN) quanto dos terpenos (que se tornam mirceno e, depois, hashisheno). Com as plantas já secas, os produtores de haxixe cobriam um recipiente como um balde com uma tela e colocavam as plantas sobre ela. Em seguida, tudo era envolto em plástico e as plantas eram batidas com pedaços de pau para liberar as glândulas de resina, que passavam pelos buracos da peneira e eram coletadas no fundo do recipiente.

Leia mais: Marrocos tem sua primeira remessa legal de maconha após regulamentar o cultivo da planta

O material resultante pode ser prensado manualmente ou com prensas industriais, e moldado em tijolos de haxixe ou pequenas bolotas — os famosos ovos marroquinos. Os segundos normalmente são ingeridos para passar por fronteiras e, bom, você sabe o que acontece depois.

Hoje em dia, já existem agitadores automáticos que fazem esse trabalho a nível industrial. Muitos cultivadores também passaram a usar sementes feminizadas e fertilizantes para “melhorar” suas colheitas. Mas apreciadores do haxixe marroquino tradicional afirmam que isso diminuiu a qualidade dos concentrados!

Quais são os principais tipos de haxixe marroquino?

Existem muitos tipos de haxixe marroquino por aí, com diferentes nomes, cores, texturas, qualidades e efeitos. Aqui, listamos alguns dos principais! Saca só:

Pollen (pólen)

O haxixe tipo pólen é o tipo mais comum produzido no Marrocos. Para fazê-lo, as plantas são peneiradas como descrevemos anteriormente e, no final do processo, seus tricomas são coletados. O pólen geralmente tem uma cor dourada a marrom-claro e uma consistência macia e granulada.

Sessão (ou “zero-zero”)

O haxixe sessão recebe esse nome devido à sua pureza e qualidade superiores. É um tipo de haxixe premium, geralmente prensado em blocos retangulares ou ovais. O haxixe sessão é mais refinado e tem uma aparência mais clara e uma textura mais dura em comparação com o pólen comum.

Chocolate (ou “Riffman”)

Como você pode imaginar, o haxixe chocolate recebe esse nome devido à sua cor escura — semelhante ao nosso doce favorito. É produzido usando um método de fabricação tradicional, e depois a resina é aquecida e prensada. O resultado é um haxixe escuro, com uma consistência mais rígida e quebradiça.

Beldia (ou “marroquino comum”)

O haxixe beldia é uma forma menos processada e menos refinada de haxixe marroquino. Geralmente é mais escuro e tem uma textura mais pegajosa, às vezes contendo pequenos pedaços de folhas e galhos da planta.

Caramelo

O haxixe caramelo é conhecido por sua cor e textura semelhantes às do caramelo. É geralmente produzido por um processo de aquecimento e prensagem que resulta em uma resina escura e pegajosa. O haxixe caramelo é apreciado por seu sabor doce e aroma bem característico.

Honey Blonde

O haxixe Honey Blonde, também conhecido como “Loiro Mel”, é um tipo de haxixe de cor clara e textura suave. É considerado uma forma mais refinada e de alta qualidade de haxixe marroquino. Sua cor amarelada e consistência macia são atribuídas a métodos de produção mais cuidadosos.

Slate (ou “ardoise”)

O haxixe Slate é chamado assim devido à sua aparência semelhante a uma ardósia, com uma cor acinzentada ou esverdeada. É geralmente produzido usando técnicas de prensagem que resultam em uma consistência dura e quebradiça. O haxixe Slate pode variar em qualidade e teor de THC, dependendo do produtor.

E aí, curtiu saber mais sobre o haxixe marroquino, seus tipos e diferenças? A gente ama essa temática de paixão, e inclusive já estivemos representadas no país algumas vezes. Essas experiências, bem como mais sobre a história, a política e as tradições da maconha no país, você pode conferir por aqui.

Para saber ainda mais sobre maconha, haxixe, extrações, Redução de Danos e outras temáticas incríveis, não esqueça de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710 e ficar de olho no conteúdo que a gente posta todo santo dia.

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Imagens: Girls in Green.

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Sobre Girls in Green

O Girls in Green é um projeto feito por mulheres canábicas, focado na produção e disseminação de conteúdo digital acessível, livre de julgamentos e tabus, abordando temas como maconha, uso de drogas, cultivo, haxixe e política - sempre sob a ótica da Redução de Danos. O principal objetivo do canal é combater o estigma e a desinformação resultantes da Guerra às Drogas.
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