Um dos fundadores do Natiruts está em turnê de despedida com a banda, mas escolheu não descansar
Recentemente, um dos primórdios do Natiruts, o baixista Luís Maurício, está realizando a última turnê da banda e assumindo a presidência da Associação Brasileira da Cannabis e do Cânhamo Industrial (ABCCI) e está focado em liderar esforços para promover o uso responsável e legal da planta no Brasil.
Luís quer levar à população e, principalmente às esferas governamentais, a importância do uso, acesso e investimento na produção da cannabis no país.
Na presidência da ABCCI, ele atua em estreita colaboração com autoridades governamentais, profissionais de saúde e a sociedade civil, a fim de promover a conscientização e criar políticas que incentivem o desenvolvimento sustentável dessa indústria emergente.
“Encerro com orgulho minha história com o Natiruts, com o sentimento de dever cumprido, mas agora meu objetivo é outro. Lutar pela regulamentação das associações que fazem um trabalho lindo e superimportante para a sociedade e o país e mostrar os benefícios que a cannabis e o cânhamo industrial têm”, diz Luís.
“Hoje em dia, o acesso legal ao óleo da cannabis para tratamento de diversas doenças no Brasil é de alto custo, o que dificulta o acesso à população mais pobre. Nossa luta é para tentar democratizar esse acesso. Por exemplo, através da disponibilidade do óleo no SUS e na possibilidade do cultivo da planta. Trazendo a produção para nossas terras, conseguiríamos, além de baratear o custo, gerar empregos e receita para o país”, complementa.
Cânhamo como matéria-prima
De plásticos a papel, passando por confecção de roupas, combustível e fitorremediação, a aplicabilidade da planta também atua como um novo aliado para um mundo mais sustentável, oferecendo inúmeros benefícios ambientais.
Além de ser biodegradável, seu cultivo absorve grandes quantidades de CO2, recupera o solo e exige pouca água. O uso da fibra do cânhamo pode reduzir significativamente a exposição a toxinas e poluentes e a utilização de resíduos químicos ainda é zero.
“O cânhamo tem um potencial incrível: são mais de 25 mil produtos que podem ser feitos dele e o Brasil, mundialmente conhecido por ser gigante na área de agricultura, tem tudo para produzir e aumentar seu ganho econômico”, explica o músico.
Sobre o debate em torno da descriminalização do porte da planta para uso pessoal, Luís comenta:
“Do nosso ponto de vista, é muito importante também a questão de rever a definição de quem é usuário e quem é traficante. Por exemplo, se o porte fosse definido em 25 g, hoje 30% da população carcerária seria liberada. E temos a certeza de que um jovem que é preso com uma pequena porção de entorpecente e vai conviver com homicidas, assaltantes de banco, estupradores e outros crimes pesados tende a sair de lá muito pior do que entrou. E essa população é majoritariamente composta por jovens negros e pobres. Seguimos também nesta luta”.
Luís Mauricio defende firmemente que a planta tem o potencial de revolucionar não apenas a medicina, mas também a economia e a sociedade como um todo.
Seu compromisso não é apenas promover a pesquisa e um acesso mais amplo à cannabis medicinal, mas também destacar as oportunidades de mudanças sociais e crescimento econômico que a indústria do cânhamo oferece para o país.
Imagem de capa: Divulgação.