Damares mente ao dizer que governo Lula ensinava jovens a usar drogas

Damares Alves. Foto: Valter Campanato | Agência Brasil.

Ex-ministra da família publicou vídeo dizendo que uma antiga cartilha do Ministério da Saúde motivava o uso de substâncias por adolescentes

A pastora Damares Alves, candidata ao Senado pelo Republicanos, parece não ter limites quando se trata de espalhar mentiras. Depois da “cartilha da maconha” lançada em 2020, recheada de informações falsas sobre a planta, a ex-ministra da família agora está dizendo que o governo Lula ensinava os jovens a usar drogas.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Damares afirma que a administração Lula instruía e motivava os adolescentes a usar substâncias como crack e ecstasy.

A republicana se refere a uma cartilha do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas produzida pelo Ministério da Saúde, que busca desenvolver estratégias de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e de educação sobre drogas junto aos adolescentes e jovens, a partir da proposta da redução de danos.

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“A redução de danos é estratégia de promoção da saúde que não exclui nenhum grupo ou indivíduo, ou seja, visa a fornecer dicas de autocuidado, principalmente de prevenção de doenças, para todos(as) usuários(as) de drogas lícitas ou ilícitas, com usos esporádicos, frequentes ou que envolvam dependência. Procura promover a saúde, democratizando informações mesmo entre aqueles que não queiram ou não consigam abandonar o uso dessas substâncias. Como o próprio nome diz, o que se procura é ‘reduzir danos’ associados ao uso de drogas, procurando acolher e cuidar sem preconceito de quem não adota a abstinência”, diz um trecho da publicação.

 

 

 

A cartilha mencionada por Damares não incentiva ou ensina o uso de qualquer droga. O que o documento propõe é a educação sobre drogas baseada na redução de danos.

Vale dizer que, no contexto do transtorno por uso de substância, a abordagem da redução de danos tem se mostrado mais eficaz do que a postura proibicionista — focada em aterrorizar os usuários para que adotem a abstinência e encarcerar e assassinar os comerciantes de substâncias para reduzir a oferta.

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Isso fica evidente ao observar como no Brasil, e em outros países que promovem a abstinência forçada e criminalização do usuário, o consumo e disponibilidade de drogas só têm aumentado a cada ano. E como em lugares que adotaram a redução de danos e a descriminalização como políticas públicas o número de usuários com transtorno por uso de substância caiu drasticamente.

O discurso grotesco de Damares tenta confundir a população com o mito de que a política de redução de danos motiva o uso de substâncias.

Na verdade, a redução de danos é uma política de drogas baseada em saúde pública com evidências internacionais de eficácia.

Dito isso, o plano de governo de Lula aborda uma nova política de drogas para o país que inclui a redução de danos e a substituição do modelo bélico de combate ao tráfico por estratégias de enfrentamento baseadas em conhecimento e informação.

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Imagem de capa: Valter Campanato | Agência Brasil.

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