Aperte o verde: cinco motivos para eleger candidatos da Bancada da Cannabis

Fotografia, em vista aérea, de uma folha de maconha (cannabis) de cinco pontas sobre uma superfície de cor cinza-escuro, onde a luz incide da direita e sombreia os folíolos. Imagem: Pexels / Kindel Media.

Por que você deveria considerar apoiar candidaturas comprometidas com a legalização da cannabis?

Na reta final da campanha para as eleições de 2022, candidaturas de vários partidos e estados brasileiros se unem em uma bancada que comunga a intenção de aprofundar o debate e articular ações propositivas para a legalização da cannabis no próximo ciclo parlamentar. Mas, afinal, por que isso é tão importante?

“A pauta da cannabis é esse lugar de abundância, de inovação, de olhar para frente, de enfrentar o moralismo da política e da sociedade”, diz a candidata a deputada federal por São Paulo, Maisa Diniz (Rede Sustentabilidade), cujo comitê de campanha deu início à iniciativa. “A bancada é um produto da sociedade civil, que está pressionando, pautando esse debate, colocando isso como algo relevante — por isso, é uma conquista de todo mundo, além de um marco histórico”.

 

REPRESENTATIVIDADE

 

Assim como o Congresso nacional possui estruturas que atendem aos interesses de determinados segmentos da sociedade, com as bancadas da Bala, do Boi e da Bíblia, a Bancada da Cannabis surge para fortalecer a voz antiproibicionista nas assembleias estaduais e na Câmara federal, garantindo sua representatividade no legislativo.

“A gente está em uma democracia representativa”, explica o Profeta Verde, da Ganja Coletiva (PSOL), que concorre a uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. “As assembleias, o Congresso, são compostos por segmentos da sociedade que conseguem eleger seus representantes. Por isso, a gente batalha tanto por campanhas que estão com o propósito de trazer a nossa perspectiva sobre a política de drogas”.

A representação de quem não apenas apoia a causa, mas atua na construção de políticas pela legalização da maconha, vai além da articulação nos gabinetes e plenários, conforme explica o candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, André Barros (PSOL), há muitos anos no front dessa batalha: “a bancada é importantíssima para atuar no Congresso, mas também em Brasília como um todo. As autarquias do governo federal estão em Brasília, então, temos que atuar nos órgãos de defesa da concorrência (Cade), na Anvisa, no Superior Tribunal de Justiça, no Supremo Tribunal Federal”.

 

NÃO É (SÓ) SOBRE MACONHA

 

“São tantas pautas que podem estar incluídas dentro da legalização da maconha que a gente tem que trazer isso a público, tem que mostrar a potência da legalização, tanto para o uso medicinal quanto para o uso adulto”, diz Mari Valentim (Cidadania), candidata a deputada federal pelo DF. “Tem uma questão de saúde pública, de segurança pública, de mercado. Imaginar que essa luta é pelo direito de uma pessoa fumar um beck é ter uma visão muito simplista, muito reducionista”.

A questão da maconha perpassa temas considerados caros aos brasileiros, da sustentabilidade à educação, da economia à redução de desigualdades. Apesar disso, muitos eleitores hesitam em enxergar os impactos da legalização em diferentes esferas da sociedade.

“A maconha é uma pauta do futuro do Brasil, que tem condições de gerar empregos, impostos, receita, para compensar essa necessidade de políticas sociais de reparação a essa população que tanto sofre com a guerra às drogas”, explica Dário Moura, candidato mineiro a deputado federal pelo PSOL.

 

CONVERGÊNCIAS ENTRE AS DIFERENÇAS

 

“Ver esse compromisso de diferentes políticos, partidos, é uma construção democrática antes de qualquer coisa”, diz Maisa Diniz. “É um exercício de falar com os diferentes”.

A pauta da legalização da maconha é disputada por interesses diversos — e a Bancada da Cannabis reflete essa diversidade, com candidatos de vários espectros políticos, que entendem a questão sob óticas diferentes, mas que, sobretudo, buscam pontos de convergência para criar uma agenda (pro)positiva em relação ao tema.

“A maioria dos candidatos que pautam esse tema são de partidos de esquerda, e eu sou de um partido de centro”, conta Mari Valentim. “Eu gosto desse movimento de ampliar o leque para várias ideologias, para mostrar que essa questão está acima de diferenças partidárias”.

Ao reconhecer as divergências, é possível viabilizar um diálogo construtivo em torno de valores comuns, como o reconhecimento do fracasso da guerra às drogas e a necessidade de democratizar o acesso à cannabis com fins terapêuticos, que constam no manifesto da Bancada da Cannabis.

“As bancadas são transpartidárias”, explica Profeta. “O propósito é juntar diversos partidos para que se consiga ter um corpo de congressistas que faça com que o projeto passe. É natural ter visões mais à direita, à esquerda, centralistas. A vantagem de uma bancada é propiciar o diálogo entre esses congressistas, então, vão ser colocadas na mesa as diferentes visões”.

 

RIQUEZA NACIONAL

 

“O Brasil é periférico no capitalismo: é exportador de grãos, de minério, de petróleo bruto, e importador de placa de aço, gasolina e tudo mais”, conta André Barros. “Nosso objetivo é mostrar ao país, que já entregou seu ouro, seu minério, e que quer entregar o petróleo, como se luta para defender uma riqueza nacional que é o ouro verde, para todos os fins: aumentar o PIB, aumentar a receita tributária do país e dos estados”.

A valorização da soberania nacional e o desenvolvimento do país também estão em jogo, já que, hoje, brasileiros são proibidos de plantar maconha com fins medicinais e industriais em território nacional, embora a importação de seus produtos seja permitida — e o projeto de lei que regulamenta o cultivo em solo nacional, mesmo restritivo, segue travado na Câmara dos Deputados. Dessa forma, a retomada, e ampliação, do PL-399/2015 requer a articulação de legisladores comprometidos com essa visão. “Se a gente não mudar o Congresso, a gente não vai conseguir avançar no tema”, conclui Mari Valentim.

 

EM BUSCA DO IDEAL

 

“Qual é o projeto ideal?”, pergunta Maisa Diniz. “A partir do ideal, a gente vê o que dá para negociar. O que dá para abrir mão, chegar no meio termo. É óbvio que política é a arte do possível, mas sem a construção do ideal, a gente sempre vai partir da escassez”. E completa: “O ideal é colocar as associações na mesa, colocar a questão do autocultivo, aproximar laboratórios, indústria do cânhamo, agro, Marcha da Maconha, cientistas que pautam isso há tanto tempo”.

Na busca pelo ideal de legalização da maconha no Brasil, os candidatos da Bancada da Cannabis apresentam planos de futuro que, dentro de uma única pauta, contemplam muito do que esperamos para o Brasil a partir do ano que vem.

“Vamos fazer o nosso melhor esforço para que a legalização seja no sentido de justiça social, de reparação dos danos da guerra às drogas e de liberdade para a planta crescer nos nossos quintais e praças”, conclui o Profeta Verde.

A Bancada da Cannabis está aberta à adesão de novas candidaturas: para fazer parte, basta escrever para contato@bancadadacannabis.com.br.

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#PraTodosVerem: fotografia, em vista aérea, de uma folha de maconha de cinco pontas sobre uma superfície de cor cinza-escuro, onde a luz incide da direita e sombreia os folíolos. Imagem: Pexels / Kindel Media.

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