Empresas que ousam desbravar o mercado canábico legal podem — e devem — fortalecer o movimento antiproibicionista
Não é exagero dizer que quando a Squadafum surgiu, em 2011, os tempos eram outros — e a percepção da sociedade sobre a maconha também. Naquela época, o simples ato de manifestar apoio à legalização poderia ser encarado como crime de apologia, e a ideia de investir em um negócio relacionado à erva, por mais tentadora que fosse, exigia coragem, resiliência e uma boa dose de utopia — características comuns ao ativismo.
Com a consolidação do mercado legal de maconha, o estigma que antes cercava as empresas dedicadas ao segmento foi dando lugar às oportunidades inerentes a um nicho em ascensão. Ainda assim, em um país onde empreender, por si só, já significa lutar, atuar no mercado canábico sob um estado de proibição significa engajar em uma luta que ultrapassa a própria sobrevivência da empresa: tem a ver com um objetivo maior. Mas, afinal, como unir propósito à lógica de mercado?
Ir além
“Acredito piamente que o mercado canábico será a segunda força para a legalização da maconha no país. A força econômica”, diz Jarrão, sócio fundador e diretor comercial na Squadafum. “Geramos empregos, pagamos impostos, criamos uma roda nova que até 10 anos atras não existia. O movimento de gerar esse mercado já é um ato antiproibicionista em si. Mas, temos que ir além”.
Com uma equipe de mais de vinte colaboradores, mais de oitenta produtos no portfólio e atuação em vários países, a Squadafum olha para um futuro promissor sem deixar de refletir os valores e ideais sobre os quais o mercado deve florescer. “Temos a obrigação de incluir as mulheres, as minorias, os excluídos no mercado canábico – não só incluir, mas dar oportunidade para eles se tornarem os protagonistas da maconha”, defende Jarrão. “Acredito que este mercado possibilite isso, até porque, temos a oportunidade na mão de fazer diferente com a futura regulamentação”.
Na prática
Enquanto o ativismo e o empreendedorismo canábico encontram pontos de convergência diante de uma bandeira em comum, empresas do setor exercem, de fato, influência militante à medida que promovem iniciativas que pavimentem o caminho para a sociedade civil reivindicar mudanças.
“Ativismo, segundo o dicionário, é a defesa de uma causa ou da transformação da sociedade por meio da ação”, explica. “Então, seguindo o raciocínio, estamos em ação constante como exercício expansivo para difundir ideias e causas”.
Isso se traduz, na prática, com o apoio da Squadafum a núcleos de organização de manifestações pelo país, como as Marchas da Maconha; com a participação ativa em eventos corporativos, sociais e culturais, como a Intercannabis, a ExpoCannabis Brasil e a Expo Head Grow; com o fomento a projetos de educação e informação sobre maconha, como o lançamento do livro ‘Método Accura de Extração de Cannabis Medicinal’ e o curso da mesma associação; e com o incentivo a empresas que se dedicam à comunicação canábica, como a revista de educação canábica Kamah Zine, entre outros exemplos.