A ASCAMED foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que atingiu suas sedes e a residência do presidente, resultando na apreensão e destruição de plantas e medicamentos essenciais aos pacientes
Na manhã da última sexta-feira (14), a Associação Canábica Medicinal do Rio Grande do Sul (ASCAMED) foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que atingiu suas sedes e a residência do presidente Matheus Hampel, resultando na apreensão e destruição de plantas e medicamentos essenciais aos pacientes.
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A ação fez parte da operação Desvio Verde, que cumpriu três mandados de busca e apreensão também em Santa Maria, na Região Central, e investiga irregularidades no cultivo da planta da maconha e na produção de medicamentos derivados sem autorização sanitária.
Segundo a Polícia Federal, as investigações começaram em 2024, após a descoberta de uma plantação de cannabis sativa em uma propriedade rural em Caçapava do Sul. As diligências apontaram que o cultivo de centenas de plantas, distribuídas em diferentes estágios de crescimento, ocorre pelo menos desde 2022, em uma área isolada e cercada por vegetação densa.
De acordo com a nota de esclarecimento divulgada pela ASCAMED, no Instagram, foram incineradas 480 mudas e 422 plantas, além de mais de cinco quilos de matéria-prima utilizada na produção de óleos medicinais. Também foram apreendidos mais de 300 frascos de óleo prontos para distribuição, afetando diretamente os tratamentos de centenas de pacientes que dependem desses produtos para o controle de doenças graves e debilitantes.

“O objetivo declarado dessa operação foi recolher documentos, dispositivos eletrônicos e quaisquer evidências de supostas irregularidades. No entanto, o que presenciamos foi um ataque direto a mais de 900 pacientes e associados que dependem do nosso trabalho”, afirmou Matheus Hampel.
Apreensão de Medicamentos e Impacto nos Pacientes
A ASCAMED, fundada em 2022, que se apresenta como uma organização legalmente constituída e transparente, destaca que trabalha em conformidade com a legislação vigente e em parceria com profissionais de saúde e pesquisadores. Segundo a entidade, o Ministério Público já reconheceu a importância do trabalho desenvolvido e sua relevância para a saúde pública.
“Esse reconhecimento demonstra que nossa atuação é séria, responsável e voltada exclusivamente para a saúde e bem-estar dos nossos associados”, reforça Hampel.
Diante da gravidade da situação, a ASCAMED informou que já está recorrendo da decisão judicial que autorizou a operação e que adotará todas as medidas legais cabíveis para garantir a continuidade do trabalho e a reparação dos danos causados aos pacientes e à equipe da associação.
“A ASCAMED não se intimidará. Continuaremos lutando para garantir o direito à saúde, o acesso à cannabis e a proteção daqueles que mais precisam do tratamento. Aos associados e familiares, reafirmamos nosso compromisso: ninguém ficará sem medicamento. Encontraremos soluções para assegurar que cada paciente continue seu tratamento de forma segura e ininterrupta. A luta pela saúde não pode ser criminalizada. Seguimos na defesa de nossos direitos e no combate à injustiça”, declara a associação.
ASCAMED Pede Apoio da Comunidade
Diante do impacto da operação, a ASCAMED lançou uma campanha de arrecadação para reestruturar a entidade e garantir a continuidade do atendimento aos pacientes. A iniciativa busca apoio financeiro para reconstruir a produção dos óleos medicinais e manter o tratamento das pessoas que dependem da associação.
“Precisamos da sua ajuda para reconstruir a ASCAMED. Estamos lançando uma vaquinha solidária para arrecadar fundos e reestruturar nossa associação, garantindo a continuidade dos tratamentos essenciais para tantos pacientes que dependem deles”, diz a entidade.
Quem deseja contribuir pode fazer doações por meio dos seguintes canais:
🔗 Doe agora: 📌 CNPJ: 46.368.439/0001-72
📌 Nome: Associação Canábica Medicinal (ASCAMED)
📌 Inscrição Municipal: 9865595-0
📌 Instagram: @ascamedbrasil
📌 Vaquinha Online: Clique aqui para doar
A ASCAMED reforça que qualquer contribuição é importante para ajudar a recuperar a estrutura e garantir que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento.
O caso gerou preocupação entre pacientes, profissionais de saúde e ativistas da causa canábica, que vêm a ação como um retrocesso na luta pelo direito ao acesso à cannabis medicinal. A ASCAMED segue mobilizada para reverter a situação e garantir que seus pacientes não sejam prejudicados.
Foto: Polícia Federal RS / Divulgação