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Tailândia decide regulamentar a maconha para fins medicinais e sinaliza que não vai recriminalizar

Primeiro-ministro Srettha Thavisin voltou atrás com seus planos de reclassificar a cannabis, após conversa com o vice Anutin Charnvirakul, que há muito defende a legalização da planta

A Tailândia trabalhará para regulamentar a maconha por meio de legislação em vez de classificá-la novamente como narcótico. A mudança de postura foi anunciada pelo vice-primeiro-ministro Anutin Charnvirakul nesta terça-feira (23), pouco mais de duas semanas desde que um grupo de manifestantes pró-cannabis montou acampamento perto da casa do governo tailandês.

Segundo Anutin, o primeiro-ministro Srettha Thavisin recuou de sua promessa eleitoral de proibir a maconha e concordou que a legislação era a medida apropriada para resolver a questão.

“Gostaria de agradecer ao primeiro-ministro por considerar isso e decidir promulgar uma lei”, disse Anutin aos repórteres nesta terça. Anutin é líder do Bhum Jai Thai, segundo maior partido no governo de coalizão e o maior responsável pela descriminalização da maconha no país.

O anúncio foi feito após uma reunião de Anutin com Srettha e o ministro da Saúde Pública, Somsak Thepsuthin, segundo a BNN Bloomberg. O governo discutirá planos para um projeto de lei para regular a cannabis para fins medicinais e de pesquisa e para certos produtos, mantendo o uso adulto proibido. Embora os detalhes ainda não estejam claros, a mudança pode interromper o esforço do governo de reclassificar a planta como um narcótico.

A maconha com baixo teor de THC (tetraidrocanabinol) foi totalmente retirada da lista de drogas controladas da Tailândia em junho de 2022, durante o governo anterior. O avanço ocorreu menos de dois anos após o reino asiático descriminalizar o uso e a produção das folhas, galhos, caules, cascas, fibras e raízes da cannabis para fins medicinais.

Embora não tenha abordado a legalização do uso adulto, tendo apenas retirado as inflorescências com baixa concentração de THC da lista de narcóticos, a legislação aprovada em 2022 permitiu a abertura de milhares de lojas de maconha, que vendem desde flores e baseados até extratos e comestíveis. A atual situação legal da planta no país ainda permite o cultivo para fins médicos e comerciais e o autocultivo, mediante registro junto ao governo.

Letreiro de neon com as palavras “We Sell Weed” na janela do dispensário de maconha Wonderland, em Bangkok, Tailândia, em 23 de novembro de 2022. Foto: Andre Malerba / Bloomberg.

Um projeto de lei anterior, patrocinado pelo Bhum Jai Thai, buscava regulamentar a maconha definindo diretrizes para o uso seguro da planta, principalmente para fins médicos, e eliminando o vácuo legal. A proposta, no entanto, não conseguiu avançar no parlamento tailandês antes do atual governo de coalizão (liderado pelo partido Pheu Thai) tomar posse em setembro do ano passado.

No início deste ano, o governo escreveu novo projeto de lei para regulamentar a indústria da cannabis para fins medicinais. A proposta também reclassificaria o caule, as raízes, as folhas e as flores de maconha como narcóticos e proibiria o autocultivo, estabelecendo multas de até 60.000 baht (R$ 9.270) para quem for flagrado fumando cannabis, e até um ano de prisão ou multas que podem chegar a 100.000 baht (R$ 15.460) para quem promover campanhas publicitárias relacionadas ao uso adulto da planta.

Segundo o Nation Thailand, o então ministro da saúde pública, Cholnan Srikaew, voltou atrás, dizendo que a maconha seria regulamentada, e não reclassificada. No entanto, depois que Somsak substituiu Cholnan em uma reforma ministerial no final de abril, o novo ministro começou a insistir que a maconha seria proibida.

A versão final do projeto retrógrado foi publicada em junho pelo Ministério da Saúde. A proposta reclassificaria as flores de cannabis como narcótico de “categoria cinco”, enquanto manteria as demais partes da planta legais. O texto entraria em vigor a partir de 1º de janeiro do ano que vem.

Agora, com a nova mudança de posicionamento do governo, os partidos políticos poderão submeter seus projetos de lei ao parlamento junto com a versão de Bhum Jai Thai, afirmou Anutin.

O avanço acontece após manifestantes do grupo Writing Thailand’s Cannabis Future acamparem por mais de duas semanas próximo à Casa do Governo, em Bangkok, e fazerem greve de fome para protestar contra os planos de recriminalização.

Leia mais: Manifestantes pró-cannabis fazem greve de fome na Tailândia

#PraTodosVerem: fotografia de capa mostra várias mudas e plantas floridas de maconha crescendo em vasos e algumas pessoas, ao fundo, na feira Asia International Hemp Expo, realizada em novembro de 2023, na cidade de Bangkok, Tailândia. Imagem: EPA / Yonhap.

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Joel Rodrigues

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