Literatura Sativa: Maconha faz bem à saúde nos Estados Unidos
O herói brasileiro da maconha empunha sua caneta e luta contra a ignorância do proibicionismo. A história canábica de Che Cannabis continua cheia de aventuras. Boa leitura!
É né, fazer o quê! Você sabe: risos e fome são sintomas de um maconheiro. Em mim dá vontade de ler, escrever e cantar, ao som do violão, de uma guitarra, baixo, bateria e percussão.
Agora que estou preso, eu consegui parar e assistir mais a televisão e ler a Bíblia Sagrada. Era uma forma de me cuidar, me drogar de ideias, e eles permitiam e o Brasil ficava todo-tudo por isso mesmo. Foi aí que a minha cidade brasileira saiu de cara, ontem, no Jornal National e eu me senti gente boa por isso, importante. Não devia, nem um pouco, sem internet, assistir ao National, e não me sentir dopado de informações sensacionalistas. Sem saída, eu me universalizei no sensacionalismo. Mil vezes fosse na internet, eu desejaria reler a notícia de jornal. Aquele jornal podia revelar de onde eu era. Qual era o nome desse quintal da Bahia de onde eu fui gerado ou germinado?
Depois do National, tornei-me globalizado e poderia agora, então, após o noticiário, ficar me sentindo demasiadamente humano, feito Nietzsche em fim de feira. Eu tinha uma informação bombástica: a maconha faz bem à saúde nos Estados Unidos da América. Agora seria a vez do Brasil, mas desta vez, liberaríamos todas as drogas, antes que eles votem a lei liberando só a maconha, assim como manda o figurino.
Daríamos um passo à frente da corja que patrocina a morte de pessoas sem que, nem por quê e chama isso de guerra contra o narcotráfico.
Acabaríamos com os baculejos, pois a droga seria liberada no jornal. A gente ia mesmo era atrás de prender políticos e policiais corruptos, funcionários públicos em peculatos, assassinos ladrões, estupradores… Lista sem fim?
Receberíamos permissão de comprar e vender drogas, só por possuir a cidadania brasileira; a maconha plantaríamos em larga escala, por ser divinamente saudável e recreativa.
Eu não tenho medo das drogas, ou do ser drogado, tanto quanto do ser humano sem comida: desse eu morro de medo,dá um frio na barriga, um arrepio na espinha dorsal. Tem gente que é sem carinho, mas a sociedade acha que a solução é proibir o uso de drogas ou plantas. Sem carinho, sem comida, vendo próprios filhos passarem fome. Se fosse eu, faria algo sem precisar de drogas. O problema é que eu a mendigar, o povo a me mandar trabalhar, e vem as coisas trágicas, independente das drogas que eu uso. Eu sou esquizofrênico de carteirinha e tenho vontade de ver a gente todinha do planeta se dando bem.
— Impossível!
— Quem é você?
— Eu sou Deus, Che Cannabis. Eu vim em forma de remédio THC.
— Deus, e o que faríamos com as drogas sintetizadas em laboratório?
— A planta da coca liberaríamos, seria a grande alternativa para os que não conseguem usar a cocaína, sem aborrecer o resto da sociedade.
Deus sumiu. Era Deus nada: ou era um espírito maconheiro querendo fazer contato do além-sonhos, ou era a minha esquizofrenia me puxando pra diversão.
Waldemar Valença Pereira é Professor, mestre profissional em letras e autor da obra literária “Pé de Maconha – Che Cannabis nas andanças da ciência” que aborda a erva em prosa e poesia. Entre em contato com o autor através do email checannabis@hotmail.com ou através da redação pelo contato@www.smokebuddies.com.br.
Ilustração: Cacique Zé Coice, João Divino e Danieluiz
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