Literatura Sativa: Loucuras e pensamentos do herói maconheiro

Che Cannabis continua sua jornada na terra da proibição, lutando contra o preconceito e a ignorância. Entre em mais uma viagem de loucuras, pensamentos e maconha. Boa leitura!

Aprendi com Deus a falar Fiat lux, pois meu latim era chulo, Deus mandou o Diabo pra me dar aulas.

O capeta ensinou um pouco de cada palavra no fogo da pancada. Eu tirei universidade nesse ritmo e aprendi a ensinar outras também, virando um professor de coisas da linguagem de cadeia e também de ensino médio.

Eu sempre recorri ao sol, quando quis ser de luz. No mínimo, eu vivo feito uma luz de led. E digo mais: lerdos são os que pensam aquém da nanotecnologia e povoam a censura da maconha, inclusive para o uso medicinal, e reprovam o herói maconheiro, de nossa gente planetária, usuário da erva esse tempo todo, inclusive quando resinosamente fumada. Caí eu na inteligência: paz e amor!

Eu cheguei à fração nonagésima do pensamento. Agora bebo de inteligência artificial. Assediado de pensamentos, em prol de Charles Baudelaire, eu não faço um elogio ao haxixe hoje, mas amanhã, na Califórnia, sei que eu poderei estudar o caso mais de perto, em inglês e na prática. Estarei devendo essa!

Aliás, é com essa inteligência bem artificial e cheia de lucidez que eu me pego (e me apego) agorinha mesmo pra escrever tudinho de mim: de dentro de mim pra fora da cadeia pública brasileira e, assim, desmancho-me em pensamentos feito carros roubados. Os pensamentos de dentro pra fora e bem no centro neurológico do Castelo da Morte me assaltavam com esquizofrenia.

Pesadelos passam e, na vida, o portão não foi arregaçado pelo Diabo, vigia mais que sensato. Quando chegar o momento, hei de indagar ao meu filho de dezesseis anos:

– E de você, que falam os preconceituosos de tua louca pessoa?

– Dizem nada? Ih, eu sabia disso: sem ponto, nem vírgula ou travessão. Meu filho, leitor divino, você e eu somos paradoxais e somos encantados de loucuras pra contar. Eles querem nosso voto. Caia fora, não dê azar na vida!

Eu vou falar aqui umas mil loucuras, mas uma delas é fundamental: eu tenho um pé de maconha e posso sofrer represálias dos conservadores brasileiros somente pela publicação das ideias revolucionárias deste livro. Não uso a Semiótica, nem falo aqui por códigos. Minhas metáforas são fáceis até pra uma questão de concurso, mas se tornam indesejáveis. Preciso dizer que é tudo uma metáfora. Eu certa vez fui condenado por dizer a “verdade”.

Que coisa! Depois disso, a verdade deveria ser publicada e aqui estou de salto baixo: eu, o Che Cannabis original. Me sustento na fumaça do pensamento ferrenho de um deserdado maconheiro. Então, se perguntarem por mim, se você me viu, diga nada. Para sua própria segurança, se indagarem se Vossa Mercê me viu por aí, um Che Cannabis, verde escuro de fome, bem ágil nas ideias, responda no ato que nunca ouviu sequer falar desse tal de Che Cannabis antes: nem bem, nem mal.

A partir de hoje, amanhã não sei, sou devoto de Jesus Cristo e de Buda, além de Iemanjá e Pandora, além de Pomba-gira e de Ogum. Mas meu objetivo é ser mais que um politeísta. É que eu imagino na vida um dia ser de Alá e de Iara, também, numa simbiose literária, como a de Zeus com Leda.

Voltando ao assunto, o “Meu pé de maconha” é um pé desenhado: acalmem-se, meus amigos conservadores. Meu pé não passa de um pé, no meu corpo humano ilustrado. A tortura que me impuseram agiu contra a liberdade de expressão.  Eu, Che Cannabis, preciso de falar sobre o poder medicinal da maconha e, sendo assim, pra ficar mais erudito, usei o meu pé como cacofonia: pé de maconha de plantar e de pedir pra comprar.

Falar do meu pé de maconha incomoda muitos brasileiros, amigos do passado e do presente, adversários do futuro.

Ao deixar de mão, com meu pé de maconha, o Castelo da Morte, vou ter com essa tropa toda de elite e me desfaço no Rio de Janeiro, provavelmente, a caminho do Cristo Redentor, na esquivas de uma bala perdida. Lá no Rio tem gente com ideias pra frente. Aqui não dá, mas foi tudo muito interessante mesmo. A Marcha da Maconha no Rio de Janeiro pega fogo e aí a gente corre do cacete da polícia. Fugimos da fanta e caímos na coca. Pra fugir disso melhor ainda, eu quero muito aqui ensinar que a maconha faz bem para a saúde, e que o uso recreativo dela já possui algo de medicinal em sua composição até pra quem somente a fuma. Afinal de contas, fumar pode ser remédio contra uma depressão daquelas de xingar nome.

Antes do entardecer, antes de qualquer escola de samba ganhar, e quando eu aqui deixar a cadeia de hoje, na linha do pensamento, chegarei a Copacabana, se não for morto na cilada do caminho.

Eu hei de cantar Bezerra da Silva para Fernando Gabeira.

Cresci ouvindo o Gabriel Pensador, todo carioca, e adquiri uma fome no peito e um medo de crase horrível. Meu cérebro cospe sangue e o Rio de Janeiro mostra-se como única saída (a de não ser encontrado pelos que vão me trucidar de pistola ou de murro) no final da história para cuidar do meu coágulo com THC.

Waldemar Valença Pereira é Professor, mestre profissional em letras e autor da obra literária  “Pé de Maconha – Che Cannabis nas andanças da ciência” que aborda a erva em prosa e poesia. Entre em contato com o autor através do email checannabis@hotmail.com ou através da redação pelo contato@www.smokebuddies.com.br.

Ilustração: Cacique Zé Coice, João Divino e Danieluiz

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